Gigantes das telecomunicações pedem à UE apoio para impulsionar redes móveis abertas

Na corrida pela vanguarda da nova tecnologia 5G, Europa ainda está atrás de EUA e Ásia, mas quer assumir a primeira posição

Em uma significativa aliança tecnológica, as empresas de telecomunicações Telefónica, Vodafone, Orange, Deutsche Telekom e Telecom Italia solicitaram aos Estados da União Europeia (UE) e a lideranças políticas do continente para que deem “prioridade urgente” à tecnologia OpenRAN, de modo a consolidar o protagonismo local em 5G e, no futuro, 6G. As informações são do portal Investing.

Em conjunto, as companhias publicaram um relatório intitulado “Building an OpenRAN Ecosystem for Europe” (“Construindo um ecossistema de OpenRAN para a Europa”), no qual defendem que “uma rede aberta, inteligente, virtualizada e interoperável é essencial para cumprir a meta de 5G para todos até 2030”.

Entre os benefícios, a frente empresarial crê que a tecnologia irá oportunizar às operadoras levar o 5G a mais usuários com mais economia, segurança e baixo consumo de energia. Além disso, o OpenRAN, segundo projeta o documento, ajudará a impulsionar plataformas e cadeias de suprimentos “mais fortes e resilientes”, bem como promover a autonomia digital e a liderança tecnológica.

Operadoras pedem incentivo político e apoio financeiro para desenvolvimento de novas tecnologias relacionadas à rede aberta (Foto: Pixabay/Divulgação)

Nascido em 2017, o movimento Open Radio Access Networks, busca democratizar partes das redes de telecomunicações para que elas não operem somente através de gigantes da indústria.

As empresas destacam que a corrida pela vanguarda tecnológica exige ação e colaboração neste exato momento, sob risco de a UE perder posição para América do Norte e Ásia no desenvolvimento da sua rede de próxima geração.

Segundo o comunicado, hoje, a Europa possui 13 grandes players de OpenRAN – o resto do mundo tem um total de 57. No entanto, boa parte dos operadores europeus ainda engatinham, em estágio inicial de desenvolvimento, sem contratos comerciais assinados. Enquanto isso, provedores ao redor do planeta estão se movimentando com alguma celeridade e incentivo estatal.

Um bom exemplo vem dos Estados Unidos, que disponibilizou US$ 1,5 bilhão para impulsionar a tecnologia. No Japão, os benefícios oferecidos pelo governo às empresas focadas em desenvolvimento, fornecimento e implantação de equipamentos para redes móveis abertas incluem aportes financeiros e vantagens fiscais.

E para se equiparar aos “rivais” tecnológicos, entre as reivindicações listadas no documento estão: garantia de apoio político para o OpenRAN, a criação de uma Aliança Europeia em Infraestruturas de Comunicação da Próxima Geração e o financiamento para a criação desses tipos de soluções.

O relatório teve como base um estudo da consultora Analysys Mason, que prevê que as receitas globais dos vendedores de OpenRAN poderão atingir a cifra de 36,1 mil milhões de euros até 2026.

Se até lá os operadores e indústrias europeias ainda não tiverem outra escolha senão procurar a RAN aberta, como já é feito nos dias atuais, isto poderia colocar em risco pelo menos 15,6 mil milhões de euros de receitas da indústria europeia, além da influência global.

No Brasil

Dar vida e forma ao OpenRAN está na lista de intenções do Brasil. Para isso, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) assinou na semana passada um acordo com a UnB (Universidade de Brasília) para a realização de dez estudos sobre a chegada da tecnologia ao país. O objetivo é avaliar os impactos no mercado de telecomunicações local.

A parceria servirá para dissecar a rede em diversas frentes, avaliando questões de interoperabilidade, segurança, barreiras legais e de infraestrutura, capacitação de mão de obra, propostas de políticas públicas, entre outros.

Gerar propostas para a criação de políticas públicas e incentivos regulamentares para permitir e facilitar o desenvolvimento do Open RAN está entre os objetivos do projeto.

A estimativa é de que os primeiros resultados sejam apresentados dentro de 12 a 14 meses. O acordo firmado entre Anatel e UnB é de R$ 3 milhões, com validade de dois anos. Cada estudo deverá ser entregue em um intervalo de dois meses.

Por que isso importa?

O futuro das redes de internet será protagonizado pelas redes 5G e pelo OpenRAN. Resumidamente, o 5G é como uma porta que dá acesso a múltiplas novas tecnologias, que precisarão de uma conexão de alta velocidade. Já o OpenRAN é como a chave para abri-la e ainda democratizar a acessibilidade.

De acordo com o Olhar Digital, o OpenRan é um sistema de código aberto – ou Rede de Acesso de Rádio Aberto – que busca promover a interoperabilidade por meio de hardware, software e interfaces abertas em estações base de telecomunicações sem fio.

O propósito da tecnologia é desagregar os protocolos e interfaces conhecidos para uma nova estrutura que não dependa apenas das torres e antenas das bases de rádio conhecidas – também chamadas de “caixas fechadas” por terem tecnologias próprias, ou seja, que não se comunicam com outros provedores.

A padronização e a abertura desses códigos visam inovar e acelerar ainda mais a implementação e alcance do 5G.

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