Mais de US$ 425 bilhões são perdidos em paraísos fiscais por ano

Abusos fiscais de multinacionais e omissão de multimilionários são os principais fatores da 'perda' do montante

Pelo menos US$ 427 bilhões – R$ 2,2 trilhões – são perdidos todos os anos em paraísos fiscais, estima o relatório lançado nesta sexta (20) pela Rede de Justiça Fiscal.

De acordo com o estudo, a maior parte do valor, estimada em US$ 245 bilhões, se perde em abusos fiscais de corporações multinacionais. O restante deriva da omissão de multimilionários através do uso de ativos secretos offshore, organizações ou contas abertas no exterior.

De acordo com o relatório, as Ilhas Cayman são as principais responsáveis por até um terço de todas as perdas fiscais globais.

Mais de US$ 425 bilhões são perdidos em paraísos fiscais por ano
Panorâmica das Ilhas Cayman, território britânico na América do Norte, em 2005 (Foto: WikiCommons/Salvatori Freni Jr.)

Os países ricos perdem, em termos absolutos, uma quantia maior nos paraísos fiscais, mas o maior impacto está em nações em desenvolvimento da África e América Latina. As perdas nos orçamentos de saúde pública nestes continentes alcançam até 52,5% e 20,4%, respectivamente.

Com a recuperação das perdas fiscais anuais, seria possível tirar mais de três milhões de sul-africanos da pobreza e pagar mais de um quarto da dívida crônica da Grécia, aponta a pesquisa.

Influência política

A Rede de Justiça Fiscal critica a União Europeia por ignorar possíveis paraísos fiscais e aponta uma provável influência política nesses espaços.

“Há uma programção do sistema tributário global para priorizar os desejos dos indivíduos mais ricos”, disse o presidente-executivo da rede, Alex Cobham.

Uma das razões é o não-cumprimento a um acordo firmado ainda em 2013 pelo G-20 e OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

O tratado exige relatórios públicos de todos os países, em uma tentativa de forças as multinacionais a apontar informações financeiras a respeito do armazenamento de lucros.

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