Ataque com moto-bomba deixa ao menos quatro pessoas mortas no sul do Iraque

Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado, mas suspeitas recaem sobre o Estado Islâmico, que realizou uma série de ataques recentes no país

A explosão de uma moto-bomba perto de um hospital na cidade de Basra, no sul de Iraque, deixou ao menos quatro pessoas mortas perto do meio-dia de terça-feira (7). Os detalhes do atentado foram confirmados por um oficial de segurança à rede curda Rudaw.

O episódio ocorreu perto do Hospital Geral al-Jumhuri. Dois carros que estavam nas proximidades foram atingidos pela explosão e pegaram fogo. Além das quatro pessoas mortas, a informação inicial falava em mais quatro feridos. A cidade, onde predominam os muçulmanos xiitas, há anos não sofria um ataque dessa magnitude.

“Basra está sendo reformada. A segurança em Basra está 90% calma. As autoridades vão investigar e revelar quem está por trás da explosão ”, afirmou Basma Salma, ex-membro do conselho governamental da cidade.

Nenhum grupo assumiu oficialmente a autoria do atentado, que carrega características do Estado Islâmico (EI). As suspeitas aumentam porque o grupo extremista realizou uma série de ataques recentes, sobretudo no norte do Iraque, muitos deles contra a população civil e os Peshmerga, soldados do exército do Curdistão iraquiano.

Explosão de moto-bomba perto de hospital em Basra, no Iraque (Foto: reprodução/Twitter)

Por que isso importa?

Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela organização extremista na Síria.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria, onde ainda mantém cerca de 10 mil combatentes ativos. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.

Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.

Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.

Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

Tags: