Estado Islâmico mata 13 pessoas em meio a escalada de violência no norte do Iraque

Ataque extremista no Curdistão iraquiano matou três civis que tentaram defender sua propriedade e dez soldados que participaram da ação

Treze pessoas morreram em um ataque realizado por combatentes do estado islâmico no Curdistão iraquiano, norte do país, na última quinta-feira (2). Entre as vítimas estão três civis e dez Peshmerga, soldados das forças armadas curdas. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Os civis mortos são três moradores da região que entraram em confronto com os extremistas. Bayan Mala Osman, morador do local, conta que os filhos dele saíram para proteger a propriedade da família e foram mortos pelos combatentes do EI. Os Peshmerga reforçaram as defesas locais, e dez deles também foram mortos na ação.

“Não prejudicamos ninguém”, disse Osman. “Meus filhos não invadiram o espaço de ninguém, foi o EI que invadiu nossas terras. Meus filhos estavam se defendendo. Eles lutaram até a última bala”.

O incidente ocorreu em Makhmur, uma cidade cerca de 50 quilômetros ao norte de Arbil, a capital do Curdistão iraquiano, região disputada pelos curdos e pelo governo do Iraque. A área esteve sob domínio curdo até 2017, quando as forças iraquianas a retomaram após um polêmico referendo de independência local. Desde então, a lacuna de segurança permitiu ao EI construir um ponto de apoio e iniciar frequentes ataques contra os os civis locais.

Arbil, a capital do Curdistão iraquiano (Foto: Wikimedia Commons)

Por que isso importa?

Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo e raramente contra civis. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela organização extremista no país.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria, onde ainda mantem cerca de 10 mil combatentes ativos. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.

Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.

Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.

Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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