Explosão mata nove crianças e deixa outras quatro feridas no Afeganistão

Carrinho usado para vender comida se chocou com um antigo dispositivo explosivo abandonado no leste do país

Nove crianças morreram e outras quatro ficaram feridas em uma explosão ocorrida na região leste do Afeganistão, perto da fronteira com o Paquistão, na segunda-feira (10). Os feridos foram levados a um hospital, mas não foram divulgadas novas informações sobre o estado de saúde deles, de acordo com a agência catari Al Jazeera.

No incidente, um carrinho usado para vender comida se chocou com um antigo dispositivo explosivo abandonado, no vilarejo de Baiganan, distrito de Lalopar. A informação foi confirmada por um funcionário do governo da província de Nangarhar.

O Afeganistão está entre os países com mais minas terrestres não detonadas e outras munições escondidas no solo, após décadas de guerra e conflito assolarem o país. Quando uma mina ou uma munição detona, as vítimas geralmente são crianças.

Mulheres afegãs fazem fila para recolher alimentos do Programa Alimentar Mundial da ONU (Foto: United Nations Photo/Flickr)

Nangarhar é o principal reduto do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), grupo extremista que rivaliza com o Taleban no Afeganistão e que tem empreendidos frequentes e violentos ataques no país, tendo como alvo os próprios talibãs e a população xiita. A organização jihadista, porém, não assumiu qualquer ligação com a explosão de segunda-feira (10).

Por que isso importa?

A economia do Afeganistão está em queda livre, com 23 milhões de pessoas passando fome no país, de acordo com dados divulgados pela ONU (Organização das Nações Unidas) em dezembro de 2021. As crianças são as maiores vítimas e lotam os centros de saúde, afetadas sobretudo por problemas decorrentes da má alimentação.  

A crise ocorre em meio à desvalorização acentuada do afegane, a moeda do país, e à falta de confiança do setor financeiro, que destrói o comércio e bloqueia empréstimos e investimentos estrangeiros. A fim de se integrar à comunidade internacional e assim tentar amenizar o problema, o Taleban, que assumiu o poder no dia 15 de agosto, busca reconhecimento internacional como governo de direito do que chama de “Emirado Islâmico“.

Mais do que legitimar os talibãs internacionalmente, o reconhecimento é crucial para fortalecer financeiramente um país pobre e sem perspectivas imediatas de gerar riqueza. O grupo chegou a se reunir com autoridades internacionais a fim de garantir que a assistência humanitária seja mantida no país, mas ficou nisso.

Em dezembro de 2021, uma Assembleia Geral da ONU adiou indeterminadamente o processo de oficialização do governo talibã. O anúncio da resolução significa que a organização islâmica não será autorizada a entrar no organismo intergovernamental.

As acusações de abusos dos direitos humanos e de repressão, sobretudo contra as mulheres, afastam cada vez mais o governo talibã da comunidade internacional. Tanto que, até agora, nenhuma nação reconheceu formalmente o Taleban como poder legítimo no país, apesar da aproximação com países como China e Paquistão.

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