Israel estaria por trás de ataque de drones a fábrica do Irã, diz autoridade dos EUA

Segundo o Ministério da Defesa iraniano, o ataque foi realizado por três drones, dois dos quais foram abatidos. Instalação militar era o alvo

Israel estaria por trás de um ataque de drones a uma instalação militar no Irã no fim de semana, que causou uma grande explosão em Isfahan, cidade que abriga um centro de pesquisa e desenvolvimento da tecnologia de mísseis na república islâmica, segundo relatou um oficial de inteligência dos Estados Unidos no domingo (29). Não houve feridos. As informações são da agência Reuters.

De acordo com o Ministério da Defesa iraniano, o ataque foi realizado por três aeronaves não tripuladas, duas das quais foram abatidas. A ofensiva teve como alvo uma fábrica de munições em Isfahan, que fica 340 km ao sul de Teerã. A instalação se localiza ao lado de um prédio de propriedade do Centro de Pesquisa Espacial do Irã, que foi sancionado pelos EUA por vínculo com o programa de mísseis balísticos iraniano.

Uma autoridade de Washington, falando sob condição de anonimato, disse à Reuters que Jerusalém estaria supostamente envolvida. Outras autoridades norte-americanas se limitaram a dizer que o Pentágono não teve nenhum papel no incidente.

Soldado de Israel testa um antigo drone Skylark das forças armadas do país, em 2013 (Foto: WikiCommons)

De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times no domingo (29), o ataque realizado por Israel teria como objetivo proteger seus próprios interesses de segurança e não para impedir a exportação de armas para a Rússia. Nos últimos meses, têm se acumulado evidências de que “drones suicidas” de fabricação iraniana vêm sendo usados por Moscou para atacar não apenas as tropas de Kiev, mas também a infraestrutura essencial ucraniana. Teerã também firmou acordo com o Kremlin para ajudar o país em guerra a construir seus próprios drones de ataque.

O relatório de inteligência sustenta que Isfahan é usado por Teerã como um centro para a indústria de mísseis, onde é fabricado o Shahab, que possui alcance suficiente para atingir Israel.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, classificou o ataque como “covarde”, com vistas a criar “insegurança” no país. A TV estatal transmitiu comentários do deputado Hossein Mirzaie que declarou que havia “forte especulação” sobre o envolvimento de Israel.

Tensão crescente

Episódios do gênero não são novidade na tensa relação entre o Irã e Israel. A situação piorou desde que Teerã passou a intensificar seu programa nuclear após os EUA se retirarem do acordo atômico firmado com as potências ocidentais.

Israel é suspeita de lançar uma série de ataques ao Irã. Entre os alvos dessas ofensivas esteve a usina nuclear de Natanz, que sofreu uma explosão no setor de centrífugas há quase três anos. As centrífugas, usadas para enriquecer urânio, ficavam localizadas no subsolo da usina, de forma a ficarem protegidas contra ataques aéreos. Duas explosões ocorreram no local: a primeira em julho de 2020, a segunda em abril de 2021. Desde o primeiro momento o Irã acusa Israel pelo ocorrido, embora não haja qualquer comprovação oficial.

Outro caso espinhoso entre as nações rivais envolve a morte do cientista iraniano Mohsen Fakhrizadeh, pioneiro no programa nuclear de Teerã, assassinado em novembro de 2020. Em abril de 2018, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu chamou a atenção para a figura influente de Fakhrizadeh no policiamento estratégico do Irã.

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