As forças de segurança do Iraque anunciaram na segunda-feira (18) a prisão de um dos terroristas mais procurados do país, responsável por coordenar o atentado com um carro-bomba em 2016 contra um shopping center de Bagdá. O ataque, reivindicado pelo Estado Islâmico (EI), deixou cerca de 300 mortos e outras 250 pessoas feridas. As informações são da rede iraquiana Rudaw.
De acordo com funcionários da inteligência iraquiana, o acusado, identificado como Ghazwan al-Zobai, foi detido durante uma operação conjunta que contou com o apoio de forças de segurança de um país vizinho não identificado, no qual o extremista foi capturado e transportado de volta ao Iraque. Al-Zobai vinha sendo rastreado pelas autoridades há meses.
“Cinco anos após a explosão terrorista de Karrada, nossas bravas forças conseguiram capturar o terrorista Ghazwan al-Zobai em uma complexa operação de inteligência fora do país”, escreveu no Twitter Mustafa al-Kadhimi, primeiro-ministro iraquiano e comandante-em-chefe das forças armadas.
5 years after the terrorist bombing of Karrada, our brave forces succeeded in capturing the terrorist Ghazwan Alzawbaee in a complex intelligence operation outside the country.
— Mustafa Al-Kadhimi مصطفى الكاظمي (@MAKadhimi) October 18, 2021
He is the primary culprit behind the Karrada atrocity and many others. pic.twitter.com/UTU1nMgKS7
Segundo a rede Federal News Network, al-Zobai era um militante da Al-Qaeda quando foi preso por forças norte-americanas no Iraque e conduzido ao Campo de Prisioneiros Cropper, onde ficou até 2008. Depois disso, ele conseguiu escapar da prisão de Abu Ghraib em 2013, mesmo ano em que ingressou no EI.
As autoridades acusam al-Zobai de ser o cérebro de diversos outros ataques no Iraque, sendo o atentado de Karrada em 2016 o maior e mais trágico.
Na semana passada, o Iraque também anunciou a prisão de Sami Jasim, líder do Estado Islâmico, em uma operação semelhante no exterior. Havia uma recompensa de US$ 5 milhões por sua captura pelo programa Rewards for Justice, do Departamento de Estado dos EUA, que descreve o extremista como tendo sido “fundamental na gestão das finanças para operações terroristas do EI”.
Por que isso importa?
Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país.
De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.
Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.
Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.
Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais, como o Boko Haram, da Nigéria. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.