Diplomatas lituanos deixam a China devido à tensão diplomática relacionada a Taiwan

Retirada ocorre após racha diplomático entre os países. Embaixada deve continuar a operar de forma remota, dizem autoridades lituanas

Após um racha entre os países, a delegação diplomática da Lituânia que atuava na China deixou Beijing nesta quarta-feira (15). A saída ocorreu às pressas, menos de um mês após a abertura de uma embaixada de fato de Taiwan no Estado Báltico. As informações são da agência Reuters.

A atmosfera turbulenta teve início em novembro, quando a China anunciou que havia rebaixado oficialmente suas relações com Vilnius como retaliação por conta do inconveniente envolvendo a ilha autônoma, que contraria o princípio de “Uma Só China“. As autoridades lituanas justificaram que a convocação para o retorno de seu principal diplomata no país asiático tinha relação a “consultas”, e que a embaixada, por enquanto, continuaria a operar remotamente. 

A reportagem ouviu uma fonte diplomática anônima, que classificou a debandada lituana como uma “resposta à intimidação” chinesa. No total, um grupo de 19 pessoas, incluindo funcionários e dependentes, deixou o país rumo a Paris.

Visão geral da embaixada da Lituânia em Beijing (Foto: Twitter/Reprodução)

Em coletiva de imprensa em Vilnius, o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, declarou que “havia incerteza sobre o status legal dos diplomatas lituanos na China antes da saída”, já que havia a exigência de que o país europeu alterasse o status de sua embaixada em Beijing para “um escritório de relações públicas de menor porte”.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan manifestou seu “mais alto respeito ao governo lituano e suas decisões diplomáticas” nesta quarta, bem como estimulou as empresas da ilha autônoma “a apoiarem o estreitamento dos laços econômicos” com a pequena república báltica. O órgão governamental também declarou “estar pronto para continuar um diálogo com a China e restaurar as funções da embaixada uma vez que um acordo mutuamente benéfico tenha sido alcançado”.

A China vem aumentando a pressão sobre os países para não se envolverem com Taiwan, entre eles os Estados Unidos, que manifestou apoio a Vilnius após o mal-estar diplomático.

Por que isso importa?

Relações exteriores que tratem Taiwan como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como território chinês.

Diante da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha autônoma no ano passado, e as tensões geopolíticas escalam com rapidez na região.

Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, enquanto Beijing deixou claro que não aceitará a independência do território “sem uma guerra”.

embate, porém, pode não terminar em confronto militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site norte-americano Business Insider.

O documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o relatório do Pentágono.

Caso ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e das redes de informação.

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