Com Exército francês de saída, Níger relata 12 militares mortos em ataque extremista

Presidente francês Emmanuel Macron declarou que tanto seu embaixador quanto o contingente militar deixarão o país africano

Em meio à retirada das tropas da França, expulsas do Níger pela junta militar que assumiu o poder em um golpe de Estado em julho, as forças armadas do país africano foram alvo de um ataque terrorista que ocasionou a morte de ao menos 12 militares, na quinta-feira (28). As informações são da agência Reuters.

O ataque ocorreu na cidade de Kandadji, região de Tillaberi, considerada o epicentro da onda jihadista que tomou o Sahel Central. A área tem forte presença de grupos ligados ao Estado Islâmico (EI) e à Al-Qaeda e fica perto da tríplice fronteira do Níger com MaliBurkina Faso, igualmente governados por juntas militares e palcos frequentes de atentados terroristas.

Soldado francês em ação pela Operação Barkhane sobrevoa o Níger (Foto: WikiCommons)

Segundo fontes do Exército nigerino, sete soldados morreram diretamente na ação de centenas de insurgentes armados. Outros cinco membros das forças armadas morreram em um acidente com um veículo militar quando se dirigiam ao local do ataque para reforçar as defesas.

O ministro da Defesa do Níger, Salifou Mody, disse em comunicado que uma unidade militar foi “violentamente atacada por várias centenas de terroristas” e que sete soldados morreram, segundo o site The Defense Post.

E acrescentou que, “durante uma intervenção” em resposta ao ataque, “um trágico acidente de trânsito levou à perda de cinco dos nossos bravos soldados.”

O episódio evidencia os desafios que o Níger terá pela frente sem o apoio da França, que vinha sendo parceira do governo central no combate ao extremismo islâmico. Porém, as tropas de Paris enfrentam desconfiança generalizada na África e vêm sendo expulsas de diversos países onde atuavam em parceira com o governo, inclusive o Níger.

No final de semana passado, o presidente francês Emmanuel Macron declarou que retiraria tanto seu embaixador quanto o contingente militar estacionado no Níger. O anúncio, feito dois meses após o golpe de Estado que depôs o presidente nigerino Mohamed Bazoum, foi bem recebido pelos líderes militares do país africano, que o consideraram um passo em direção à soberania.

Por que isso importa?

O Níger foi palco de um golpe de Estado em 26 de julho. O general Abdourahamane Tchiani alegou como motivação para a tomada de poder justamente a “deterioração da situação de segurança” no país, atingido pela ação de grupos jihadistas. Ele se autodeclarou líder nacional dois dias depois após destituir o presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum. 

A ascensão ao poder de Bazoum, eleito no final de fevereiro de 2021, havia marcado uma transferência pacífica de poder histórica no Níger, que conquistou a independência da França em 1960. O líder agora se encontra sob custódia da guarda presidencial e pode ser julgado sob a acusação de “alta traição”.

O político é reconhecido como um aliado fundamental nos esforços ocidentais para combater a insurgência islâmica na região do Sahel, e Niamei vinha sendo um dos principais beneficiários da ajuda externa até expulsar os franceses.

Apesar dos apelos de diversos países e blocos regionais, clamando pelo retorno ao poder do presidente deposto, Tchiani rejeitou tais chamados e argumentou que eles configuram “interferência nos assuntos internos do Níger.”

Um dos países mais pobres do mundo, conforme classificação da ONU (Organização das Nações Unidas), o Níger luta contra o alastramento do Boko Haram, ligado à Al-Qaeda, e do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), ambos da Nigéria, que já expandiram sua atuação para a nação vizinha.

Tags: