Vídeo de facção do Estado Islâmico mostra menino matando dois militares nigerianos

Vídeo para divulgar as conquistas do ISWAP na Nigéria foi divulgado pela organização e exibe execução pelas mãos de um garoto de até 12 anos

Um novo vídeo publicado pelo ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental) mostra um menino com idade entre 10 e 12 anos, membro da organização terrorista, matando dois soldados da Nigéria. Fotos de cenas incluídas na gravação já haviam sido exibidas online, mas esta é a primeira vez que a filmagem integral é divulgada.

A revelação sobre o vídeo foi feita por Tomaz Rolbiecki, pesquisador especializado em Estado Islâmico (EI). Ele postou algumas fotos retiradas da filmagem, entre elas a do garoto. “Este é horrível. Um menino, talvez com cerca de 10-12 anos, está executando dois soldados nigerianos com seu AKMS. Não há palavras para descrever o quão terrível é”, diz ele.

O vídeo tem 17 minutos, é intitulado Makers of Epic Battles 5 (Criadores de Grandes Batalhas 5, em tradução livre) e mostra as conquistas do grupo na Nigéria, sobretudo nos Estados de Borno e Yobe. Ele reúne imagens registradas em diversas ações do ISWAP nos últimos meses, algo habitual na ação de divulgação online dos jihadistas. Anteriormente, produções semelhantes foram publicadas, tendo como foco Paquistão, Egito, Iraque e Afeganistão.

Segundo Rolbiecki, o vídeo mostra que o ISWAP é uma organização militarmente bem equipada. “O ISWAP não é um grupo desorganizado de bandidos, eles pensam e lutam quase como um exército”, afirma o pesquisador, que destaca o uso de APCs (veículos blindados de transporte de pessoal) e MRAPs (veículos resistentes a minas terrestres) pelos militantes, algo inédito.

No vídeo também aparecem discursos feitos por integrantes do ISWAP, possivelmente figuras proeminentes dentro da organização. Num desses trechos, aparece ao fundo um tanque blindado destruído, o que dá ideia do poder de fogo dos militantes. É um desses discursos que encerra o vídeo, com inúmeros jihadistas ao fundo e o líder falando à frente deles.

Vídeo de facção do Estado Islâmico mostra menino de 12 anos matando dois militares
Combatentes do ISWAP aparecem em vídeo de propaganda do grupo, que é ligado ao Estado Islâmico (Foto: reprodução;Twitter)

Por que isso importa?

O ISWAP foi formado em 2016 por dissidentes do Boko Haram insatisfeitos com as decisões do ex-líder Abubakar Shekau. Atualmente, o grupo se concentra em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive contra trabalhadores humanitários. Os dois grupos jihadistas disputam o controle do estado de Borno, no nordeste da Nigéria.

O EI, por sua vez, se enfraqueceu financeira e militarmente nos últimos anos. Em 2017, o Iraque anunciou ter derrotado a organização, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do país, hoje mantém células adormecidas que lançam ataques esporádicos. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.

Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, caso da África Ocidental, o que explica a importância de fortalecer o ISWAP na disputa contra o Boko Haram.

Atualmente, o continente africano é o principal reduto do EI, que consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de seus grupos afiliados regionais.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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