‘Comportamento agressivo’ da China em águas disputadas deve ser ‘desafiado’, diz militar

“As minhas forças estão aqui por uma razão”, diz vice-almirante dos EUA, que se colocou à disposição para agir no Mar da China Meridional

Os Estados Unidos condenaram os recentes incidentes registrados no Mar da China Meridional envolvendo navios da Guarda Costeira chinesa. O vice-almirante Karl Thomas, comandante da Sétima Frota da Marinha norte-americana, disse que é preciso “desafiar” o “comportamento agressivo” de Beijing, que busca impor à força sua soberania sobre as águas disputadas.

No incidente mais recente, registrado em 5 de agosto, o governo das Filipinas acusou um navio chinês de “bloquear, assediar e interferir” na navegação nas imediações das Ilhas Spratly, um arquipélago alvo de disputa entre Beijing e Manila. Um canhão de água chegou a ser usado para impedir a entrega de suprimentos a uma base filipina.

“Você tem que desafiar as pessoas, eu diria, que operam em uma zona cinzenta. Quando elas estão pegando um pouco mais e mais e pressionando você, você tem que pressionar de volta, você tem que navegar e operar”, disse Thomas à agência Reuters. “Não há melhor exemplo de comportamento agressivo do que a atividade de 5 de agosto.”

Navios dos EUA no Mar da China Meridional (Foto: Marinha dos EUA/Reprodução)

Os EUA marcam forte presença militar na região disputada, com 70 navios, 150 aeronaves e 27 mil militares que operam a partir de bases no Japão, na Coreia do Sul e na em Singapura. “As minhas forças estão aqui por uma razão”, afirmou o vice-almirante, colocando-se à disposição para ajudar a combater o assédio chinês.

Após o incidente, Thomas diz que manteve contato com o vice-almirante Alberto Carlos, da Marinha das Filipinas, a fim de “compreender quais são os seus desafios para encontrar oportunidades que possam ajudá-lo.”

“Quero ter certeza de que ele entendeu o que eu tenho disponível”, acrescentou a autoridade norte-americana.

Por que isso importa?

Filipinas e China reivindicam grandes extensões do Mar da China Meridional, que é uma das regiões mais disputadas do mundo. Vietnã, Malásia, Brunei e Taiwan também estão inseridos na disputa pelos ricos recursos naturais da hidrovia.

A China é acusada de avançar sobre a jurisdição territorial dos demais países, construindo e militarizando ilhas artificiais e incentivando a presença de navios pesqueiros além de seus domínios marítimos. O objetivo dessa política é aumentar de forma gradativa a soberania chinesa no Mar da China Meridional.

No caso específico da relação entre Beijing e Manila, um momento particularmente tenso ocorreu em março de 2022, quando um navio da guarda costeira chinesa realizou “manobras de curta distância” que quase resultaram em colisão com um navio filipino.

Na ocasião, Manila alegou que o navio chinês desrespeitou a conduta náutica quando navegava próximo à ilha Scarborough Shoal, que fica na ZEE filipina, 124 milhas náuticas a noroeste do continente, e é alvo de disputa internacional.

Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Wang Wenbin disse à época que o país dele tem direitos soberanos sobre Scarborough Shoal. Entretanto, uma arbitragem internacional em Haia, em 2016, invalidou as reivindicações de Beijing sobre a hidrovia, pela qual passam anualmente cerca de US$ 3 trilhões em comércio marítimo.

Beijing, que não reconhece a decisão, passou a construir ilhas artificiais no arquipélago, a fim de manter presença permanente por lá. Ao menos três dessas ilhas artificiais estão totalmente militarizadas, conforme apontam imagens de satélite.

Tags: