Justiça dos EUA indicia norte-americano e agentes chineses por espionagem

Acusados atuariam a serviço de Beijing para silenciar vozes críticas à China nos Estados Unidos e em outros países

O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ, na sigla em inglês) indiciou um cidadão norte-americano e quatro funcionários do Ministério da Segurança do Estado (MSS) da China na quarta-feira (18), por conspiração e outras acusações relacionadas a um esquema de espionagem. As informações são da rede Radio Free Asia.

Segundo um comunicado publicado no site do DOJ, os acusados, que estariam perseguindo ativistas chineses anti-Beijing em território norte-americano, são Shujun Wang, exilado que recebeu a cidadania norte-americana, e os agentes de inteligência Feng He, Jie Ji, Ming Li e Keqing Lu. Eles teriam participação em um plano transnacional de espionagem e repressão nos Estados Unidos e no exterior.

Wang, 73 anos, morador do Queens, é um suposto espião de dissidentes e líderes de direitos humanos chineses a serviço do MSS desde 2015. Ele já trabalhou como professor no país e, para se infiltrar entre os ativistas, ajudou a criar uma organização pró-democracia que homenageia dois ex-líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) que defenderam reformas e foram destituídos do poder.

Chineses protestam contra o histórico de violações dos direitos humanos pelo Partido Comunista no Canadá (Foto: WikiCommons)

Wang, preso desde 16 de março, espionava e passava informações confidenciais sobre ativistas e organizações pró-democracia para seus colegas de trabalho, que permanecem foragidos, disse o comunicado do DOJ. “Não toleraremos esforços da China ou de qualquer governo autoritário para exportar medidas repressivas para o nosso país”, disse o procurador-geral assistente Matthew Olsen.

A autoridade norte-americana acrescentou que os acusados ​​tentaram “suprimir vozes dissidentes dentro dos Estados Unidos e impedir que nossos residentes exerçam seus direitos legais”.

Entre as conversas que Wang pode ter relatado aos agentes chineses via mensagens cifradas estava uma com o ex-presidente do Partido Democrático de Hong Kong, Albert Ho, que também liderou a já dissolvida Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Patrióticos Democráticos da China.

O espião também teria repassado nomes e detalhes de contato de vários ativistas honcongueses presos por envolvimento nos superlativos protestos pró-democracia no território semiautônomo em 2019.

De acordo com promotores federais do Brooklyn, em Nova York, Wang recebeu orientações dos agentes para focar, além de ativistas pró-democracia de Hong Kong, em defensores da independência de Taiwan, ativistas da minoria uigur e opositores do Tibete.

Se condenado, ele poderá pegar até 20 anos de prisão.

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