Campanha insta Beijing a libertar estudante de 19 anos presa arbitrariamente

Kamile Wayit, de 19 anos, foi condenada a três anos de prisão por compartilhar um vídeo de uma manifestação no WeChat

Kamile Wayit, uma estudante universitária uigur de apenas 19 anos, cumpre atualmente pena de três anos de prisão sob a acusação de “promover o extremismo”. O crime dela foi publicar na rede social chinesa We Chat um vídeo de uma manifestação pacífica ocorrida na China. Diante da arbitrariedade, a ONG Anistia Internacional iniciou uma campanha instando Beijing a libertar a jovem.

A Anistia destaca que o crime de “promover o extremismo” é frequentemente usado por Beijing como justificativa para perseguir uigures na região de Xinjiang, onde o governo chinês é acusado de praticar uma série de abusos contra a minoria muçulmana e outros povos.

Uma fonte ouvida pela anistia diz que Kamile entrou na mira do governo chinês quando publicou um vídeo com uma manifestação pacífica em homenagem às vítimas de um incêndio em Urumqi, a capital de Xinjiang. O paredeiro dela é incerto, mas acredita-se que esteja na prisão feminina de Kashgar Mush.

“Kamile não foi visada apenas por exercer o seu direito à liberdade de expressão. Ela, como muitos outros uigures, cazaques e outras minorias muçulmanas na China, enfrenta um tratamento desigual e severo com base na sua identidade étnica e religiosa”, diz a ONG

Kamile Wayit, estudante universitária uigur presa arbitrariamente na China (Foto: reprodução de vídeo)
Por que isso importa?

A comunidade uigur é uma minoria muçulmana de raízes turcas que habita a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China. A província faz fronteira com países da Ásia Central, com quem divide raízes étnicas e linguísticas.

Os uigures, cerca de 11 milhões, enfrentam discriminação da sociedade e do governo chinês e são vistos com desconfiança pela maioria han, que responde por 92% dos chineses. Denúncias dão conta de que Beijing usa de tortura, esterilização forçada, trabalho obrigatório e maus tratos para realizar uma limpeza étnica e religiosa em Xinjiang.

Estimativas apontam que um em cada 20 uigures ou cidadãos de minoria étnica já passou por campos de detenção de forma arbitrária desde 2014.

O governo de Joe Biden, nos EUA, foi o primeiro a usar o termo “genocídio” para descrever as ações da China em relação aos uigures. Em seguida, Reino Unido e Canadá também passaram a usar a designação, e mais recentemente a Lituânia se juntou ao grupo.

A China nega as acusações de que comete abusos em Xinjiang e diz que as ações do governo na região têm como finalidade a educação contraterrorismo, a fim de conter movimentos separatistas e combater grupos extremistas religiosos que eventualmente venham a planejar ataques terroristas no país.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Zhao Lijian afirma que o trabalho forçado uigur é “a maior mentira do século”. “Os Estados Unidos tanto criam mentiras quanto tomam ações flagrantes com base em suas mentiras para violar as regras do comércio internacional e os princípios da economia de mercado”, disse ele.

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