Taiwan fala em ‘ameaça à segurança nacional’ e promete ‘defender soberania’

Ministério da Defesa descarta corrida armamentista, mas reafirma distância do governo comunista e promete "nunca ceder à coação"

O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou nesta quarta-feira (27), em um comunicado enviado ao parlamento local, que não pretende travar uma corrida armamentista com a China. Entretanto, a pasta voltou a reforçar a intenção da ilha de se defender militarmente se necessário, em meio à crescente pressão imposta por Beijing. As informações são da agência Reuters.

No documento, o Ministério relata a situação no estreito de Taiwan como “severa e instável” e rotula as ações militares da China como “provocação”. A referência fica clara às incursões recentes de aeronaves militares chinesas. Somente nos primeiros quatro dias de outubro, 149 jatos e bombardeiros foram detectados no espaço aéreo taiwanês, num momento em que o governo do Partido Comunista Chinês (PCC) aumenta seu investimento em tecnologia militar.

Exercício militar das forças armadas de Taiwan em setembro de 2021 (Foto: reprodução/Twitter)

“Taiwan não se envolverá em uma corrida armamentista com os militares comunistas chineses e não buscará um confronto militar, na esperança de uma coexistência pacífica através do estreito”, disse o documento. “Mas, em face da ameaça dos comunistas chineses à nossa segurança nacional, faremos o nosso melhor para defender a soberania de nosso país e nunca cederemos sob coação.”

O projeto do governo taiwanês para lidar com o belicismo chinês prevê o aprimoramento das tecnologias de monitoramento de aeronaves e navios, o que permitiria ao exército da ilha reagir mais cedo a eventuais agressões.

Beijing não se calou diante do posicionamento do vizinho, a quem considera parte de seu território. Ma Xiaoguang, porta-voz do Escritório de Assuntos da China em Taiwan, reafirmou a determinação de impedir a independência formal da ilha, de preferência por vias democráticas. Mas existe um limite. “Não prometemos renunciar ao uso da força e nos reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias”.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para os chineses. Relações exteriores que tratem o território como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como território chinês.

Diante da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha autônoma no ano passado.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos países do mundo, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas da ilha, o que causa imenso desgosto a Beijing, que tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação.

Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, e agora habitualmente invadem o espaço aéreo da ilha, deixando claro que a China não aceitará a independência do território “sem uma guerra”.

embate, porém, pode não terminar em confronto militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site norte-americano Business Insider.

O documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o relatório do Pentágono.

Caso ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e das redes de informação. O bloqueio sufocaria a ilha, criando uma reação internacional semelhante àquela que seria causada por uma eventual ação militar.

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