No Peru, socialista lidera e segue para segundo turno contra conservadora

Líder sindical, Pedro Castillo dispara na frente de Keiko Fujimori; dupla deve disputar segundo turno em 6 de junho

Os resultados oficiais das eleições do Peru, realizadas no domingo (11), pavimentam um segundo turno polarizado, em junho. Os eleitores deverão escolher entre o líder sindical Pedro Castillo e a conservadora Keiko Fujimori, filha do ex-líder preso Alberto Fujimori que enfrenta acusações de corrupção.

Conforme levantamento da Comissão Eleitoral, Castillo já soma 19% dos votos válidos contra 13,3% de Fujimori. A ascensão do socialista representa uma reviravolta surpreendente: o professor de 51 anos era desconhecido até o início da campanha eleitoral. Nas pesquisas de intenção de voto de março, o líder sindical não chegava a 4% de preferência.

No Peru, socialista lidera e segue para segundo turno contra conservadora
Pedro Castillo em comício de sua campanha eleitoral, março de 2021, na cidade de Ayacucho, Peru (Foto: Reprodução/Peru Libre)

Desde então, Castillo prometeu reescrever a constituição peruana e ampliar o acesso a políticas públicas do segundo maior produtor de cobre do mundo. Já Fujimori enfrenta uma investigação sobre lavagem de dinheiro, a qual nega. Sem maioria simples para vencer o pleito, a dupla deve se enfrentar novamente em 6 de junho.

Peru Livre, o partido de Castillo, defende a nacionalização da mineração, gás, petróleo e redes de transporte do Peru. O político não possui conta própria do Twitter ou um site, mas conta com o apoio popular das elites políticas de Lima. Já a conservadora Fujimori deve seguir os passos do pai, que governou o país com um viés de direita entre 1990 e 2000.

Período de turbulência

A profunda diferença ideológica entre eles deve acirrar a disputa do segundo turno no Peru. O país andino viveu uma turbulência política e enfrentou um declínio econômico em 2020. O PIB (Produto Interno Bruto) caiu 11%.

O Congresso cassou Martín Vizcarra, acusado de corrupção. Seu sucessor renunciou pouco depois, após protestos violentos. No ano da pandemia, o Peru teve três presidentes. O próximo eleito será o quinto em três anos.

As consequências da instabilidade permearam o pleito: o índice de eleitores que não foram votar chegou a 15%. Em levantamento da Reuters, cidadãos se dividiram entre os contrários à “política radical” do líder sindical, a quem muitos se referem como “comunista”, enquanto outros rejeitaram a candidata envolvida em escândalos de corrupção.

“Estamos cansados de tanta corrupção e da mesma forma de governar”, disse uma eleitora ao britânico “Financial Times”. “É hora do Peru mudar. Não concordo com Castillo, mas acho que esta é uma repreensão clara dos peruanos. Estamos indignados com a corrupção”.

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