Alemanha investiga funcionários ministeriais por espionagem em favor da Rússia

Indivíduos seriam responsáveis por questões sensíveis do setor energético, que vive crise de fornecimento gerada por Moscou

Dois funcionários do Ministério da Economia da Alemanha estão sob investigação por suspeita de espionagem em favor da Rússia. As informações são da rede Euronews.

Os nomes dos indivíduos não foram revelados, apenas que são responsáveis por questões energéticas sensíveis. Eles teriam ajudado a alimentar um debate pró-Moscou sobre o tema, espalhando críticas ao chanceler Olaf Sholz por suspender o processo de regularização do gasoduto Nord Stream 2.

A denúncia surge em um momento particularmente tenso na questão de energia, com Moscou tendo reduzido drasticamente o fornecimento de gás natural à Europa às vésperas de um inverno que promete ser bastante rigoroso.

Na terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a redução no fornecimento ocorre por problemas tecnológicos decorrentes das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia em função da guerra na Ucrânia. Ele descartou que a fonte de energia venha sendo usada como arma por seu país.

Prédio do Bundestag, parlamento da Alemanha (Foto: Jorge Royan/Wikimedia Commons)
Por que isso importa?

As atividades de espionagem russas na Alemanha aumentaram muito nos últimos anos, atingindo níveis semelhantes aos dos tempos de Guerra Fria. Em junho de 2021, o diretor da Agência para a Proteção da Constituição, Thomas Haldenwang, afirmou que a Rússia possui enorme interesse em Berlim, sobretudo nas “áreas políticas”.

A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora no bloco. Inclusive em questões referentes a Moscou. Haldenwang disse que há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas. “A abordagem está cada vez mais dura e implacável”, afirmou.

Alguns casos ligados à espionagem russa na Alemanha vieram a público, como o ataque cibernético contra 38 parlamentares alemães em março de 2021. A invasão faria parte da campanha “Ghostwriter”, supostamente do GRU (Serviço de Inteligência Militar da Rússia). O alvo eram políticos do SPD (Partido Social Democrata) e da CDU (União Democrática Cristã), esta a sigla da então chanceler Angela Merkel.

Em dezembro do ano passado, a Promotoria da Alemanha pediu prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional, em ação contra o russo Vadim Krasikov, acusado de atirar em Zelimkhan Khangoshvili, pseudônimo adotado por Tornike Kavtarashvili, um ex-comandante checheno que vivia em Berlim. O crime teria sido ordenado por Moscou.

Segundo os promotores encarregados do caso, o crime foi encomendado pelo Estado russo não apenas como retaliação, mas também como uma mensagem intimidadora a outros chechenos que busquem asilo no exterior.

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