Porta-voz da China, Zhao Lijian virou ‘diplomata celebridade’ na internet

Diplomata levou o cobiçado cargo de porta-voz da chancelaria chinesa usando nacionalismo e polêmica no Twitter

O porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, coleciona fãs e mais de 870 mil seguidores no Twitter. Na rede social, que é bloqueada em seu país, ele ficou conhecido como “diplomata celebridade”.

Apesar de não ter frequentado as principais escolas de diplomacia da China – país que investe pesado no ramo –, Zhao conquistou o concorrido cargo de porta-voz ao manter uma postura “assertiva” na internet.

Porta-voz da China, Zhao Lijian virou 'diplomata celebridade' na internet
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, ao falar sobre a interferência do Canadá em “assuntos internos” da China, em outubro de 2020 (Foto: Ministério das Relações Exteriores da China)

De acordo com o jornal britânico “Financial Times”, o diplomata é pioneiro na abordagem agressiva da China em relação a seus adversários, como os EUA e, mais recentemente, a Austrália.

No dia 30, Zhao desencadeou mais uma rusga às já desgastadas relações entre Beijing e Camberra. O motivo foi uma imagem gerada por computador de um soldado australiano com uma faca no pescoço de uma criança afegã.

O diplomata se referia às recentes denúncias de que soldados australianos teriam assassinado cerca de 40 civis inocentes durante o conflito no Afeganistão em 2012. O governo australiano não gostou da “brincadeira”.

Porta-voz da China, Zhao Lijian virou 'diplomata celebridade' na internet
Imagem fabricada e divulgada pelo porta-voz da chancelaria chinesa, Zhao Lijian (Foto: Twitter/Zhao Lijian)

Diferente do que se espera dos porta-vozes ministeriais, Zhao construiu uma “marca pessoal” na diplomacia chinesa. É comum que os porta-vozes se limitem a reiterar a posição do governo – e não a de si próprios, como costuma fazer o diplomata.

Apoio de Beijing

Apesar de o comportamento gerar discordâncias entre diplomatas, tudo indica que esta é mais uma tática da diplomacia “Wolf Warrior” (do inglês “lobo guerreiro”) da China. E que há apoio de Beijing para manter a carga.

“A postura linha-dura e a capacidade de exercer tal influência no discurso global significa que ele claramente desfruta desse apoio”, disse o pesquisador Dali Yang, da Universidade de Chicago.

Segundo o FT, o presidente chinês Xi Jinping já teria incentivado o fim da política de “esperar o momento e esconder a força”, usada em governos anteriores como parte da “ascensão pacífica” chinesa.

Assim como o Facebook e Youtube, a China bloqueou o Twitter em seu território ainda em 2009. Nos últimos dois anos, no entanto, diplomatas abriram novas contas em diversos países, com mensagens amplamente compartilhadas nas redes.

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