O aniversário de 70 anos da guerra da Coreia foi lembrado em Seul nesta quinta (25) com pedido do presidente Moon Jae-in para que “a guerra chegue ao fim” entre os dois países.
A afirmação tem sentido duplo. Pode significar o fim das tensões entre sul e norte, agravados nos últimos meses. E também um acordo de paz definitivo entre os dois países, que dividem pelo paralelo 38 a mesma península.
Em 1953, o conflito terminou após um cessar-fogo, mas até hoje não houve paz definitiva. Em discurso, Moon afirmou que “a competição sobre sistemas políticos e econômicos [das Coreias] terminou há muito tempo”.
Ao homenagear os soldados mortos na guerra, que durou três anos, Moon pediu ao país vizinho esforço para alcançar o “longo desejo de 80 milhões de coreanos”: paz na península.
Segundo o jornal The Korea Times, essa é a primeira vez que o chefe de Estado sul-coreano participa da cerimônia desde que tomou posse, em 2017.

Últimas tensões
O presidente sul-coreano pediu ainda que os dois países se tornem vizinhos amigáveis. Para Moon, é hora de acabar com “a guerra mais dolorosa da história mundial” e começar as conversas sobre unificação.
Desde 1969 o governo de Seul tem um ministério cuja função é promover a noção de uma única Coreia.
O pedido vem após escalada na tensão entre os dois países. A Coreia do Norte tem se irritado com o envio, por meio de balões, de materiais anti-Pyongyang e dinheiro. Também houve mal-estar após conteúdos televisivos de ativistas, em geral pessoas que conseguiram fugir do regime dos Kim.
Os conflitos voltaram a diminuir nesta quarta (24) depois de o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenar a suspensão das ações militares.
Moon afirmou ainda que, apesar dos esforços de paz, o país responderá com firmeza ameaças à segurança sul-coreana. “Nossa capacidade de defesa é forte o suficiente para repelir provocações de qualquer direção”, declarou.
Conflito sem fim
Iniciada em 1950, a guerra entre os dois países deixou quatro milhões de mortos. Foram necessários três anos para que os dois lados assinassem um acordo de armistício, mas não um que selasse a paz.
Também atuaram na guerra países membros das Nações Unidas, como Estados Unidos, França, Noruega, Suécia e Nova Zelândia.
Segundo a Coreia do Sul, cerca de 138 mil soldados morreram durante o conflito e 450 mil ficaram feridos. Outros 25 mil desapareceram.
As perdas de civis foram maiores: cerca de um milhão, de acordo com o presidente Moon Jae-in. Outros 3,2 milhões foram forçados a deixar suas casas por causa da violência.
A guerra teve ainda um duro impacto na economia. Segundo o governo, 80% das instalações industriais sul-coreanas foram destruídas. Também foram perdidos bens que equivaliam a cerca de dois anos da renda nacional, em valores de 1950.