Alemão que trabalhava na inteligência do país é preso por espionagem para a Rússia

Indivíduo é acusado de transmitir segredos de Estado a um serviço de inteligência russo e está preso preventivamente

Um alemão identificado apenas como Carsten L., que trabalhava para o Serviço federal de Inteligência (BND, na sigla em alemão) da Alemanha, foi preso e acusado de espionagem em favor da Rússia na quarta-feira (21). As informações são da rede CNN.

“Em 2022, ele transmitiu informações obtidas no exercício de suas atividades profissionais a um serviço de inteligência russo. O conteúdo é um segredo de Estado dentro da Seção 93 do Código Penal”, diz comunicado divulgado pelo procurador-geral alemão.

Buscas foram feitas na casa e nos locais de trabalho do acusado, em busca de evidências dos crimes dos quais ele é acusado. Após se apresentar ao tribunal na quinta-feira (22), ele teve a prisão preventiva decretada por um juiz.

Em novembro deste ano, Ken McCallum, diretor do MI5, o serviço de inteligência doméstica britânica, afirmou que mais de 600 diplomatas russos foram expulsos de países europeus recentemente, sendo que mais de 400 deles eram suspeitos de espionagem. Além desses, há os casos semelhantes que foram registrados em outros continentes.

“Isso foi o golpe estratégico mais significativo contra os serviços de inteligência russos na história recente da Europa”, disse McCallum na ocasião. “E, junto com ondas coordenadas de sanções, a escalada pegou (o presidente russo Vladimir) Putin de surpresa”.

Somente no Reino Unido, mais de cem pedidos de vistos diplomáticos feitos por Moscou foram rejeitados desde 2018, quando o ex-espião russo Sergei Skripal e a filha dele, Yulia, foram envenenados em Salisbury, sul da Inglaterra. A inteligência russa foi acusada de coordenar a ação, embora a Rússia até hoje negue envolvimento.

Prédio do Bundestag, parlamento da Alemanha (Foto: Jorge Royan/Wikimedia Commons)
Por que isso importa?

Na Alemanha, as atividades de espionagem russas também aumentaram muito nos últimos anos, atingindo níveis semelhantes aos dos tempos de Guerra Fria. Em junho de 2021, o diretor da Agência para a Proteção da Constituição, Thomas Haldenwang, afirmou que a Rússia possui enorme interesse em Berlim, sobretudo nas “áreas políticas”.

A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora no bloco. Inclusive em questões referentes a Moscou. Haldenwang disse que há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas. “A abordagem está cada vez mais dura e implacável”, afirmou.

Alguns casos ligados à espionagem russa na Alemanha vieram a público, como o ataque cibernético contra 38 parlamentares alemães em março de 2021. A invasão faria parte da campanha “Ghostwriter”, supostamente do GRU (Serviço de Inteligência Militar da Rússia). O alvo eram políticos do SPD (Partido Social Democrata) e da CDU (União Democrática Cristã), esta a sigla da então chanceler Angela Merkel.

Em dezembro do ano passado, a Promotoria da Alemanha pediu prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional, em ação contra o russo Vadim Krasikov, acusado de atirar em Zelimkhan Khangoshvili, pseudônimo adotado por Tornike Kavtarashvili, um ex-comandante checheno que vivia em Berlim. O crime teria sido ordenado por Moscou.

Segundo os promotores encarregados do caso, o crime foi encomendado pelo Estado russo não apenas como retaliação, mas também como uma mensagem intimidadora a outros chechenos que busquem asilo no exterior.

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