Atenta à ameaça da Rússia, Moldávia realiza exercício militar e fortalece suas defesas

Chisinau vem aumentando os gastos com suas Forças Armadas em preparação para eventuais hostilidades por parte de Moscou

As Forças Armadas da Moldávia iniciaram no domingo (17) um exercício militar nas proximidades da região separatista da Transnístria, que se considera um território independente e é atualmente ocupada por tropas russas. As informações são do site Euromaidan Press.

“Entre 17 e 22 de dezembro, soldados do 22º Batalhão de Manutenção da Paz realizarão treinamento no Centro de Treinamento Bulboaca. Neste contexto, durante o período mencionado, haverá viagens de equipamento militar nas estradas nacionais”, disse o governo através do Facebook. “O treinamento será realizado de acordo com o Plano Nacional de Treinamento do Exército para 2023.”

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Moldávia também vem aumentando os gastos militares. No final da semana passada, o Parlamento aprovou uma medida que oficialmente amplia em quase 70% o orçamento de Defesa, dinheiro que será investido sobretudo em sistemas de defesa aérea.

Veículos das Forças Armadas da Moldávia nas proximidades da Transnístria (Foto: facebook.com/MDAarmy)

A decisão dos parlamentares foi saudada pela presidente Maia Sandu, aliada do Ocidente, que igualmente usou o Facebook para se manifestar. “Congratulo-me com a aprovação pelo Parlamento da República da Moldávia da nova Estratégia de Segurança Nacional. Trata-se de um grande passo no sentido do reforço da segurança e da estabilidade do nosso país”, disse ela.

No mesmo texto, Sandu diz que as duas maiores ameaças à segurança nacional atualmente são a corrupção e a “política agressiva da Federação Russa contra o nosso país e contra a paz em geral.” Nesse cenário, a Estratégia de Segurança Nacional visa a proteger a soberania e a independência e promover a reunificação do país, inclusive com a retomada da Transnístria.

“O nosso objetivo é sair de um Estado vulnerável com uma democracia frágil para se tornar um Estado forte, moderno, resiliente e europeu, capaz de cuidar dos seus cidadãos, o que garante que os moldavos estejam seguros em casa e sejam tratados com respeito em qualquer parte do mundo”, disse a chefe de Estado.

Paralelamente, o país obteve na semana passada o aval da União Europeia (UE) para ingressar no bloco, com as negociações agora oficialmente iniciadas, como reportou a rede France 24. A Ucrânia atingiu o mesmo patamar, enquanto a Geórgia teve aprovado o status de candidata. Em comum os três países carregam o fato de que atualmente têm áreas ocupadas por Moscou.

O anúncio do bloco foi tratado como provocativo por Moscou. “A UE sempre teve critérios de entrada bastante rigorosos, e neste momento é óbvio que nem Ucrânia nem Moldávia cumprem esses critérios. A UE já não atravessa os melhores momentos da sua história em termos do funcionamento da união e do ponto de vista econômico”, afirmou o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, segundo a agência Anadolu.

Por que isso importa?

A região da Transnístria se separou da Moldávia após uma breve disputa em 1992, mas não é reconhecida pela comunidade internacional. O acordo de cessar-fogo entre a região e a Moldávia determinou a presença de tropas russas de manutenção da paz, com um contingente militar de 1,5 mil tropas.

Durante o período de conflito, com o aliado ao Kremlin Igor Dodon ainda no poder na Moldávia, a Rússia apoiou a antiga nação soviética contra os separatistas. Porém, após a derrota dele no pleito que elegeu Sandu, em dezembro de 2020, as relações entre Moscou e Chisinau se desgastaram, gerando inclusive o temor de uma invasão russa à ex-república soviética.

A presidente pede que Moscou se retire da região separatista no leste do país, alegando que as forças russas nunca tiveram permissão para entrar na Transnístria. “Somos um país independente que não quer que as tropas estrangeiras permaneçam em seu território”, disse Sandu à época da posse.

Para a presidente, as tropas russas devem ser substituídas por monitores civis orquestrados pela OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa). “Esta não é apenas uma declaração, mas uma necessidade”, afirmou. “Vamos trabalhar com a Rússia pelo tempo que for necessário para resolver a questão da remoção de armas e retirada de tropas.“

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