Belarus realiza exercícios rápidos de ‘prontidão de combate’ e preocupa Ucrânia

Ao mesmo tempo em que anuncia uma rápida inspeção militar, o aliado próximo da Rússia nomeou novos nomes nas Relações Exteriores e na Força Aérea

Aliada de primeira ordem do Kremlin, Belarus nomeou um novo ministro das Relações Exteriores e chefe da Força Aérea nesta terça-feira (13). Paralelamente, anunciou uma inspeção militar antecipada, a mais recente de uma série de exercícios que tem levado preocupações à vizinha Ucrânia. As informações são da agência Reuters.

O autoritário líder do país, Alexander Lukashenko, nomeou Sergei Aleinik para chefiar o Ministério das Relações Exteriores. Ele assume a cadeira deixada pelo chanceler Vladimir Makei, que morreu repentinamente aos 64 anos no último dia 26. A causa da morte não foi informada.

Já na Força Aérea houve uma promoção. Segundo informou a agência de notícias estatal Belta, o ex-vice-comandante Andrei Lukyanovich agora passa a liderar a aeronáutica e as unidades de defesa aérea, depois que seu antecessor foi aposentado em novembro.

Exercício das forças belarussa na cidade de Vitebsk (Foto: WikiCommons)

Apesar dos receios, Minsk disse que não irá reforçar as tropas de Vladimir Putin no front em território ucraniano, embora seja notório que Belarus dependa financeira e politicamente de Moscou. Desde fevereiro, Lukashenko é acusado de permitir que o chefe do Kremlin use o país como trampolim para a invasão russa. A Rússia lançou vários ataques aéreos do território belarusso à Ucrânia.

Além disso, desde o início do conflito, Minsk já coordenou inúmeras ações militares, movimentando armas e posicionando-as pelo país, sob o argumento de “proteger a pátria”, incluindo um exercício de contraterrorismo na semana passada. Tal comportamento tem dado indícios de que Belarus colocará suas tropas em ação ao lado das da Rússia na guerra contra a Ucrânia, preocupando Kiev.

“As atividades serão de natureza abrangente. As tropas terão que se deslocar para as áreas designadas o mais rápido possível, executar engenharia, organizar proteção e defesa e estabelecer travessias de pontes sobre os rios Neman e Berezina”, disse o Ministério da Defesa belarusso.

O órgão governamental acrescentou que, durante este período, planeja mover equipamentos e pessoal militar, o que “restringiria temporariamente o movimento dos cidadãos ao longo de certas estradas e terrenos públicos”.

O exército belarusso tem atualmente 65 mil soldados, sendo 45 mil das forças regulares e 20 mil funcionários de apoio e cadetes. Porém, nem todos os soldados estão na ativa. Muitos ficam fora de serviço em tempos de paz, mas a mídia local afirma que eles já estão de prontidão.

Por que isso importa?

A aliança entre Belarus e Rússia é anterior à invasão da Ucrânia, mas se fortaleceu com a guerra iniciada no dia 24 de fevereiro. O país comandado por Alexander Lukashenko permitiu que a Rússia, governada pelo aliado Vladimir Putin, acumulasse tropas na região de fronteira e posteriormente usasse o território belarusso como passagem para as forças armadas russas.

A submissão de Minsk a Moscou é tamanha que o jornalista russo Konstantin Eggert chegou a afirmar, em artigo publicado pela rede Deutsch Welle, em março de 2022, que “o Kremlin vem consolidando seu controle sobre o país vizinho” nos últimos anos. E isso, segundo ele, “aponta para o objetivo de a Rússia absorver Belarus de uma forma ou de outra, embora possa permanecer oficialmente no mapa com Lukashenko como governante”.

O próprio presidente belarusso levantou essa possibilidade em agosto do ano passado, embora não tenha manifestado muito otimismo na conclusão do processo. “Quando falamos de integração, devemos entender claramente que isso significa integração sem nenhuma perda de Estado e soberania”, disse na ocasião.

Tamanha proximidade levou governos e entidades ocidentais a incluírem Belarus nas sanções impostas à Rússia em função da guerra, mesmo que Minsk não tenha enviado soldados para combater ao lado das tropas da nação aliada.

Em artigo publicado em 12 de agosto e intitulado “Não nos esqueçamos do envolvimento de Belarus na guerra da Rússia na Ucrânia” (em tradução livre), o jornalista ucraniano Mark Temnycky destacou o papel belarusso como viabilizador do ataque e cobrou punições mais severas a Minsk.

“Nos últimos cinco meses, o presidente belarusso Alexander Lukashenko permitiu que o presidente russo, Vladimir Putin, usasse Belarus como palco para a invasão russa. A Rússia lançou vários ataques aéreos do território belarusso à Ucrânia”, disse ele. “Ao apresentar a Putin uma base de operações para sua invasão ilegal e desnecessária da Ucrânia, Lukashenko é culpado por associação. Em vez de condenar a guerra, o presidente belarusso afirmou repetidamente que apoia as ações da Rússia na Ucrânia”.

Tags: