China facilita violações de sanções contra a Rússia em 80% dos casos, aponta relatório

Documento mostra que empresas da União Europeia também participam das violações, enfraquecendo a posição do bloco

A China, incluindo Hong Kong, é responsável por cerca de 80% das violações das sanções impostas pela União Europeia (UE) à Rússia desde o início da guerra da Ucrânia. A informação está em um relatório confidencial do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, cujo conteúdo foi obtido por jornais alemães e reproduzido pela rede Radio Free Europe (RFE).

Segundo o documento, apresentado durante uma reunião do Conselho de Relações Exteriores da UE em 20 de maio, o comissário europeu para sanções, David O’Sullivan, afirmou que, apesar do impacto significativo das restrições na economia russa, ainda há muitos obstáculos para garantir sua eficácia. Um dos principais problemas, segundo ele, está nas triangulações comerciais feitas por países terceiros, com a China liderando esse movimento.

Encontro entre os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou, junho de 2019 (Foto: Divulgação/Kremlin)

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, rebateu as críticas em coletiva realizada em 27 de maio. “A China nunca forneceu armas letais a nenhuma das partes no conflito e controla estritamente bens de uso dual. A Ucrânia entende bem isso. A China se opõe firmemente a acusações infundadas e manipulações políticas”, declarou.

A pressão não se restringe à China. O relatório também menciona dificuldades com outros países, como Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos e Turquia. A nação árabe, por exemplo, alega ter interrompido exportações para Moscou, mas se recusa a apresentar estatísticas. E os dados de importação sugerem o contrário.

O documento aponta ainda que empresas sediadas na própria UE participam do esquema de evasão, o que fragiliza a posição do bloco nas negociações com países de fora. A constatação levanta dúvidas sobre a capacidade de Bruxelas em garantir o cumprimento pleno das restrições.

A divulgação do relatório coincide com novas medidas adotadas pela UE, como a aprovação de tarifas escalonadas para encerrar em até três anos a importação de fertilizantes nitrogenados da Rússia e de Belarus. Ao mesmo tempo, líderes europeus ameaçaram Moscou com um novo pacote de sanções “massivo”, caso o Kremlin não aceite um cessar-fogo de 30 dias proposto pelos EUA.

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