A ascensão militar da China e as tentativas da Rússia de desestabilizar o Ocidente foram listadas como as principais ameaças contra os aliados da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte), nesta terça (23). O encontro, realizado em Bruxelas, é o primeiro cara a cara desde 2019.
No primeiro dia de reuniões, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que as “crescentes ameaças e competição sistêmica” de Beijing e Moscou “exigem um reforço à união” do bloco, registrou a RFE (Radio Free Europe).
Em comunicado conjunto, os ministros da Otan afirmaram que “poderes assertivos e autoritários” desafiam a ordem internacional por meio de ameaças híbridas e cibernéticas. O grupo ainda citou o “uso malicioso de novas tecnologias e outras ameaças assimétricas”.
Em contrapartida, os aliados se comprometeram com o Artigo 5 do acordo que funda a Otan: um ataque contra um aliado será um ataque a todos os integrantes do grupo. O aval indica uma nova fase de “remodelação da Otan“, demanda do presidente dos EUA, Joe Biden.
“Não haverá defesa europeia sem a Otan, e não haverá OTAN eficiente e relevante sem europeus”, disse o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, sobre a iniciativa de reparar os laços transatlânticos, prejudicados durante o governo de Donald Trump.
O ex-presidente chegou a criticar alguns aliados por não pagarem “uma parte justa” do ônus de defesa. A aliança estipula que cada país deve gastar o equivalente a 2% de seu PIB (Produto Interno Bruto) nacional em defesa.
Afeganistão e Irã
Além de Rússia e China, boa parte da agenda desta terça-feira tratou da missão da Otan no Afeganistão. Uma onda de violência tomou o país enquanto se aproxima o prazo de retirada total das tropas dos EUA do território afegão, em 1º de maio.
Blinken afirmou que a situação está “sob revisão” e que busca uma solução com os colegas da Otan. “Entramos juntos, nos ajustamos juntos e, quando chegar a hora certa, iremos embora juntos”, disse.
O secretário de Estado também deve consultar os líderes da UE (União Europeia), Ursula von der Leyen e Josep Borrell, sobre a retomada mútua do acordo nuclear do Irã. O tratado, assinado em 2015, deve ser revisto em troca de alívio às sanções, disse a VOA (Voice of America).
O governo de Trump abandonou o acordo em 2018. Em resposta, o Irã retomou o enriquecimento de urânio, elemento usado na produção de armas nucleares. Aliados fundaram a Otan em 1949 para conter uma ameaça militar da então União Soviética. A cúpula continua nesta quarta-feira.