Empresas da Finlândia, país-membro da Otan, são suspeitas de equipar o Exército da Rússia

Duas companhias teriam desrespeitado as sanções europeias ao venderem drones e outros equipamentos militares a Moscou

Duas empresas da Finlândia são suspeitas de exportar itens de uso militar para a Rússia, desrespeitando assim as sanções impostas pela União Europeia (UE) em função da guerra da Ucrânia. A informação foi confirmada por autoridades do país escandinavo e reproduzida pelo jornal The Moscow Times.

Segundo comunicado divulgado pela aduana finlandesa, seis indivíduos são acusados do crime, sendo que um deles está preso desde setembro. Um dos acusados é proprietário das duas empresas que estão sendo investigadas, mas não está claro se é o sujeito já sob o poder das autoridades.

Entre os itens contrabandeados estão 3,5 mil drones que teriam ido parar nas mãos do governo russo. Também foram vendidos semicondutores, que são considerados itens de uso duplo, tanto civil quanto militar, e estão igualmente sancionados, bem como equipamentos usados para detectar drones inimigos.

O esquema usado pelas empresas finlandesas consistia em entregar os equipamentos a países terceiros, como o Cazaquistão, para que posteriormente chegassem à Rússia.

Militar exibe em seu uniforme a bandeira da Finlândia (Foto: Santeri Viinamäki/WikiCommons)
Rússia isolada

As sanções ocidentais impedem a Rússia de comprar não apenas armas e munição para uso na guerra da Ucrânia, mas também itens de uso duplo. Para driblar tal barreira, Moscou tem utilizado estratégias diversas, como importações paralelas, e fornecedores alternativos, entre eles Irã e a Coreia do Norte. Até a China é suspeita de reforçar as tropas russas, embora não haja evidências esclarecedoras.

Em 2022, por exemplo, a China vendeu mais de US$ 500 milhões em semicondutores para a Rússia, em comparação com os US$ 200 milhões de 2021, segundo dados divulgados no final de setembro pela rede CNBC. Até março de 2023, os chineses também venderam mais de US$ 12 milhões em drones para equipar as forças do Kremlin.

Devido à relevância dos drones, protagonistas da guerra, o Ocidente impôs inúmeras sanções a empresas acusadas de equipar as forças de Moscou. No final de setembro, Washington inseriu em sua lista de restrições comerciais 11 companhias chinesas e cinco russas, segundo a agência Reuters. Também foram punidas entidades de TurquiaAlemanha e da própria Finlândia.

Algumas das empresas teriam negociado inclusive a compra de tecnologia norte-americana para equipar os drones. Segundo investigação conduzida pela Reuters em parceria com o think tank britânico Royal United Services Institute (RUSI), a exportadora Asia Pacific Links Ltd., com sede em Hong Kong, que é território chinês, seria uma importante fornecedora de peças a Moscou.

Por sua vez, a UE impôs 12 rodadas de sanções à Rússia, tendo como alvos principalmente os setores de petróleo e gás, mas também os de tecnologia de uso duplo e produtos militares.

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