A T-Mobile, maior provedora de rede móvel da Holanda, comunicou que deixará de construir redes de rádio 5G em parceria com a Huawei. No lugar da gigante chinesa, que tem um número cada vez menor de clientes europeus devido à desconfiança de que sirva ao governo da China, entra a empresa sueca Ericsson, anunciada como única fornecedora. A mudança também deve excluir a Huawei da infraestrutura 4G. As informações são da agência Asian News International (ANI).

A justificativa da T-Mobile, de acordo com nota divulgada em seu site, sustenta que a escolha foi precedida por um intenso processo de seleção. “A avaliação analisou, entre outras coisas, qualidade, desempenho do equipamento, inovação, sustentabilidade e, claro, custos. A Ericsson saiu por cima”.

O comunicado ainda detalha que a operadora firmou um compromisso de longo prazo com a Ericsson para o fornecimento da rede de rádio móvel, tanto para 5G quanto para os atuais 3G e 4G. “A T-Mobile e a Ericsson trabalharão juntas em inovações para desenvolver ainda mais a rede mais premiada da Holanda”.

De acordo com a mídia local, no entanto, a decisão foi tomada após o endurecimento das regras sobre o uso da tecnologia Huawei, cuja confiabilidade é questionada em todo o mundo devido à suposta proximidade com o governo da China e ao consequente risco de espionagem. A empresa foi proibida de marcar presença nas redes 5G de países como EUA, Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Portugal.

“Os clientes experimentarão uma rede ainda mais rápida e confiável”, disse Soren Abildgaard, CEO da T-Mobile Holanda.

A T-Mobile tinha, até pouco tempo atrás, uma quase total dependência da tecnologia chinesa. A gestão e manutenção da rede também haviam sido terceirizadas pela operadora para a Huawei.

Os provedores de telecomunicações na Holanda foram informados de que serão compensados ​​no caso de “se livrarem de suas redes de ‘fornecedores/equipamentos não confiáveis'”, segundo relatou a imprensa local.

Por que isso importa?

A desconfiança em torno da Huawei é baseada na suposta proximidade da companhia com o governo chinês. Autoridades ocidentais citam a Lei de Inteligência Nacional da China, de 2017, segundo a qual as empresas nacionais devem “apoiar, cooperar e colaborar com o trabalho de inteligência nacional”, o que poderia forçar particularmente a gigante da tecnologia a trabalhar a serviço do Partido Comunista Chinês (PCC).

Em 2020, parlamentares britânicos afirmaram em um relatório que a Huawei está “fortemente ligada ao Estado e ao PCC, apesar de suas declarações em contrário”.

E os riscos de segurança são ainda mais elevados na rede 5G, vez que a nova tecnologia incorpora softwares responsáveis por um processamento dos dados pessoais dos clientes e outras informações confidenciais.