Estatal petrolífera da Polônia compra grande grupo de mídia

Estatal ganha acesso a 17,4 milhões de leitores; governo da Polônia detém quase 30% de ações sobre a petroleira

A PKN Orlen, estatal de petróleo da Polônia, anunciou na segunda-feira (7) a compra do grupo de mídia Polska Press. A aquisição envolve 20 jornais regionais, 120 revistas semanais e 500 portais online, apontou a Deutsche Welle.

A transação preocupa, já que o Estado polonês possui uma participação de 27,5% na petroleira. Com a compra, a Polônia tende a seguir os passos da aliada Hungria, que já promove uma acentuada captura dos meios de comunicação independentes.

Em profundo recuo democrático, o governo polonês já enfatizou que busca “repolonizar” as empresas de mídia de propriedade estrangeira. O Polska Press é de propriedade de acionistas alemães.

Estatal petrolífera da Polônia compra grande grupo de mídia
O líder do partido governista da Polônia, Justiça e Liberdade, Jaroslaw Kaczynski, em entrevista à imprensa local em setembro de 2013 (Foto: WikiCommons/Piotr Drabik)

O partido no poder, PiS (Lei e Justiça, na sigla em polonês), de direita nacionalista, saudou a aquisição, que deve garantir à estatal o acesso a 17,4 milhões de usuários. “A mídia na Polônia deveria ser polonesa”, disse o líder Jaroslaw Kaczynski.

“É o fim da submissão a uma narrativa inadequada”, disse o legislador Jan Mosinski. “Agora será possível dar informações sobre a Polônia e explicar os rumos das atividades do governo“. A compra ainda precisa passar pelo órgão antitruste.

Modelo húngaro

O comissário polonês para os direitos humanos, Adam Bodnar, lamentou a compra. “As autoridades decidiram tomar medidas semelhantes às que pudemos observar anteriormente na Hungria sob Viktor Orbán“.

Em novembro, a Polônia seguiu o primeiro-ministro húngaro na rejeição às discussões sobre o Estado de direito da União Europeia e emperrou a votação para o orçamento dos próximos sete anos.

Especialistas já deixaram de definir a Hungria como uma democracia. Com Orbán, o país registra expulsão de universidades e anulação de licenças de veículos de comunicação.

Já a Polônia adota regras cada vez mais conservadoras, xenófobas e eurocéticas. O nacionalismo e intervencionismo econômico ganham força.

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