Lideranças da Europa Central e Oriental receberam a China com frieza na Cúpula 17+1, no último dia 9, após um ano de adiamento e crescente divergência a respeito da influência de Beijing na região, reportou a norte-americana Radio Free Europe.
A China tenta estreitar laços com nações europeias por meio do bloco informal, inaugurado em 2012. Com a pandemia e a relação cada vez mais conflituosa entre Beijing e os EUA, porém, o distanciamento dos participantes da cúpula tornou-se mais evidente.
Por vídeo, seis países – Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia e Eslovênia – enviaram seus ministros, e não os chefes de Estado, para discutir a recuperação econômica e o acesso às vacinas com Xi Jinping.
Da cúpula, 12 países integram a UE (União Europeia) e pelo menos cinco são membros em potencial – como a Sérvia, importante parceiro regional chinês. Entre os participantes, porém, são poucos os que não veem com reservas o impasse sino-americano.
Enquanto os EUA buscam aliados na UE, o governo chinês oferece investimento em infraestrutura e defesa como contrapartida à Rússia e à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
O comércio chinês com os 17 países também dá sinais de estagnação: chegou a US$ 100 bilhões pela primeira vez apenas em 2020, cinco anos após o esperado. Na reunião, Beijing prometeu importar mais de US$ 170 bilhões em produtos agrícolas da região nos próximos cinco anos.
China fortalece laços
Por telefone, a China já se comprometeu a fortalecer a relação com a Hungria. O regime de Viktor Orbán é o primeiro da UE a se inscrever para a distribuição da Sinovac, segundo a agência estatal chinesa Xinhua.
Sérvia, Macedônia do Norte e Montenegro já compraram vacinas chinesas ou expressaram interesse nas doses. A vacina Sinovac, que chegou ao Brasil por meio do Instituto Butantan, de São Paulo, é a quarta mais usada no mundo, segundo a plataforma Our World in Data.
As relações cada vez mais estreitas entre China e Sérvia já tornaram o maior país dos Bálcãs um parceiro relevante, como mostra um relatório do CSIS (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais).
Já os esforços chineses para a realização da Cúpula 17+1 vêm na esteira da campanha bem-sucedida dos EUA para excluir a gigante de telecomunicações chinesa Huawei na implantação das redes 5G em todo o mundo.
Reino Unido e Austrália estão entre as nações que manifestaram preocupação com a possibilidade de vazamento de informações dessas redes, em seus países, para o governo chinês. A participação da empresa em leilões para implementação do 5G foi banida pelos dois governos.