Países europeus dizem que terroristas presos planejavam ataque em nome do Hamas

Detenções ocorreram na Alemanha, na Holanda e na Dinamarca, e quatro suspeitos teriam ligação com o grupo radical palestino

Na quinta-feira (14), duas grandes operações de contraterrorismo, realizadas por Dinamarca, Holanda e Alemanha, levaram à prisão de sete suspeitos de planejar ataques em solo europeu. De acordo com as autoridades de segurança das três nações, quatro dos indivíduos presos serviam ao Hamas, grupo radical palestino que está em guerra com Israel.

A Dinamarca foi quem primeiro anunciou a prisão de três indivíduos, e logo a seguir a Holanda confirmou uma detenção na cidade de Roterdã. Mais tarde, a Alemanha disse que também realizou uma operação policial em parceria com Amsterdã para capturar três homens em Berlim.

De acordo com a agência Reuters, os presos na Alemanha e na Holanda teriam ligação com o Hamas e estariam planejando, em conjunto, ataques terroristas contra estabelecimentos judaicos na Europa. A rede CNN esclareceu que as detenções ocorridas na Dinamarca não estão relacionadas ao mesmo plano terrorista.

Agentes de polícia da Alemanha (Foto: Creative Commons)

O homem preso em Roterdã foi identificado como Nazih R, de nacionalidade holandesa, enquanto os detidos na Alemanha seriam dois libaneses, Abdelhamid Al A e Ibrahim El-R, e um egípcio, Mohamed B. A missão deles era obter armas de fogo e armazená-las em Berlim para um eventual ataque.

Segundo o ministro da Justiça da Alemanha, Marco Buschmann, o alvo do ataque seria judeu. “Após os terríveis ataques do Hamas à população israelense, os ataques a judeus em instituições judaicas também aumentaram em nosso país nas últimas semanas”, disse ele. “Devemos, portanto, fazer tudo o que pudermos para garantir que os judeus no nosso país não tenham de temer pela segurança.”

A organização radical palestina, entretanto, desmentiu, em contato com a Reuters, qualquer relação com os quatro indivíduos. “Negamos que haja membros do Hamas detidos na Dinamarca, na Alemanha ou em qualquer outro país europeu. A publicação destas alegações visa influenciar as manifestações de massa que apoiam a Palestina na Europa.”

O Hamas é classificado como organização terrorista tanto pelos EUA quanto pela União Europeia (UE), enquanto o Brasil acompanha a decisão da ONU (Organização das Nações Unidas), que não rotula o grupo radical dessa forma.

Europa em alerta

As operações de contraterrorismo ocorrem em um momento de preocupação aumentada na Europa com o extremismo islâmico, após o continente registrar dois ataques com vítimas fatais nos últimos meses, um na Bélgica, outro na França.

A apreensão cresceu desde o início da guerra entre Israel e Hamas, que acirrou os ânimos entre apoiadores dos dois lados. Também contribuíram para gerar tensão os episódios de queima do Alcorão por manifestantes de extrema direita, que revoltaram a comunidade muçulmana.

Foi justamente a profanação do livro sagrado do Islamismo que motivou o ataque terrorista do dia 16 de outubro em Bruxelas, onde um homem de origem tunisiana, que havia jurado lealdade ao Estado Islâmico (EI), matou dois cidadãos suecos com um rifle.

O extremista, mais tarde morto pela polícia belga, disse que agiu motivado pelo sentimento de vingança devido à queima do Alcorão por manifestantes na Suécia. Por isso os alvos dele foram cidadãos suecos, que visitavam a Bélgica por conta de uma partida de futebol.

Após o atentado de Bruxelas, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que “todos os Estados europeus são vulneráveis, ​e há de fato um ressurgimento do terrorismo islâmico.”

O alerta do líder francês se fez válido pouco depois, com uma ação terrorista exatamente no país dele. No dia 2 de dezembro, um cidadão alemão foi morto a facadas em Paris por um homem que também disse ter agido em nome do EI, como o terrorista de Bruxelas.

Ainda foram registradas diversas ameaças de bomba em países do continente, levando ao fechamento de escolas em Viena, na Áustria, em Bruxelas, na Bélgica, e de atrações turísticas como o Museu do Louvre, em Paris.

Após o ataque na França, Ylva Johansson, chefe de assuntos internos da União Europeia (UE), reforçou a advertência de que o continente precisa redobrar a atenção com a ameaça extremista islâmica.

“Com a guerra entre Israel e Hamas e a polarização que provoca na nossa sociedade, com a época festiva que se aproxima, existe um enorme risco de ataques terroristas na União Europeia”, declarou Johansson na semana passada, segundo a rede Euronews.

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