Polônia diz que refugiado belarusso a serviço de Moscou incendiou hipermercado em Varsóvia

Investigação aponta ligação com inteligência russa em ataque, que se assemelha a outro registrado na capital também em 2024

O incêndio criminoso que destruiu parte de um hipermercado em Varsóvia em abril de 2024 ganhou novos contornos nesta semana, após investigadores poloneses acusarem formalmente um suposto refugiado político belarusso pelo ataque. Segundo autoridades locais, o suspeito teria agido a mando da inteligência russa, intensificando as preocupações sobre atividades de sabotagem promovidas por Moscou em solo europeu. As informações são do site Politico.

O acusado, identificado apenas como Stepan K., utilizou dispositivos controlados remotamente para provocar o incêndio após espalhar líquido inflamável em uma loja de materiais de construção. Imagens do incidente foram registradas pelo próprio suspeito com um telefone celular, supostamente para “documentar o ato de sabotagem”, segundo afirmou Przemysław Nowak, porta-voz da Procuradoria Nacional da Polônia.

Bandeira da Polônia (Foto: Lukas Plewnia/Flickr)

O conteúdo gravado por Stepan K. acabou compartilhado em canais de propaganda russos e em veículos de mídia em língua russa, o que fortaleceu ainda mais a suspeita de sua ligação direta com agentes da Rússia. Embora o suspeito se identificasse como opositor ao regime de Alexander Lukashenko, presidente de Belarus, investigadores descobriram que ele já havia visitado a Rússia anteriormente.

Fontes do serviço de segurança polonês questionam a versão de Stepan K. como refugiado perseguido politicamente pelo regime belarusso. “Como um opositor procurado por Lukashenko, ele não poderia ter feito isso”, disse uma das fontes.

O incidente reforça os alertas feitos por países europeus sobre o crescimento das táticas híbridas adotadas por Moscou, especialmente em meio ao contexto da guerra da Ucrânia. Cerca de um mês após o incidente no hipermercado, outro incêndio destruiu o shopping center Marywilska 44, um dos mais importantes da Polônia.

De acordo com a agência Reuters, o shopping tinha cerca de 1,4 mil estabelecimentos comerciais e era um dos maiores de Varsóvia. A ocorrência não deixou vítimas, mas causou enorme prejuízo financeiro e levou o governo a indenizar lojistas afetados e a pagar temporariamente os salários dos trabalhadores.

O governo polonês vem há tempos denunciando uma “guerra híbrida’ empreendida por Rússia e Belarus. Nos últimos anos, dezenas de pessoas foram presas acusadas de espionagem para Moscou, enquanto Minsk protagonizou uma crise envolvendo refugiados de diversas nações enviados à fronteira polonesa para colocar pressão sobre o país e a UE.

A Polônia teme inclusive uma invasão de Moscou no futuro e diz que por isso é importante apoiar a Ucrânia na guerra. O argumento é o de que uma vitória sobre Kiev encorajaria o presidente russo Vladimir Putin a atacar outras nações vizinhas que considere uma ameaça a seu país.

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