HSBC lucrava com esquema criminoso internacional de mais de US$ 2 trilhões

Em documentos vazados, ficou comprovado que HSBC oferecia serviços a cartéis de drogas e criminosos

A instituição financeira HSBC lucrou durante quase 20 anos com um esquema criminoso internacional que movimentou mais de US$ 2 trilhões. O mecanismo foi denunciado nesta segunda (21) após uma investigação de 16 meses do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, BuzzFeed News e outros 108 meios de comunicação ao redor do mundo.

Em documentos vazados, a reportagem pôde comprovar que o banco oferecia serviços financeiros e se beneficiava com o esquema criminoso mesmo após ter sido condenado por servir a cartéis de drogas e assassinos, em 2012.

A promotores dos Estados Unidos, o banco assumiu que ajudava a dar vazão para o dinheiro sujo por meio de filiais ao redor do mundo.

Fachada do HSBC em Singapura em fevereiro de 2008 (Foto: Flickr/Gyver Chang)

O esquema continuou mesmo durante a liberdade condicional da empresa, sob o escrutínio do ex-promotor de crimes financeiros de Nova York, Michael Charkasky.

O HSBC foi condenado a pagar US$ 1,92 bilhão e permanecer durante cinco anos em liberdade condicional para monitoramento de lavagem de dinheiro.

A filial e antiga sede do banco em Hong Kong era a mais lucrativa e foi crucial para manter o esquema, conferiu a reportagem. Mesmo os relatórios parciais apontam que 16 empresas de fachada processaram quase US$ 1,5 bilhão em mais de 6,8 mil transações entre 2013 e 2017.

Do valor, mais de US$ 900 milhões envolviam empresas ligadas a redes criminosas. Dezenas de relatórios, clientes e ex-funcionários contribuíram para a investigação.

Lavagem de dinheiro e cartéis mexicanos

Um dos episódios mais emblemáticos do esquema criminoso do banco envolve os cartéis mexicanos e a guerra às drogas dos anos 2000. Na época, o banco fornecia “contas especiais” em dólares para as gangues do narcotráfico.

A ideia era lavar centenas de milhões de dólares em receitas com drogas, revela a investigação. Para evitar suspeitas, os cartéris projetaram caixas eletrônicos com formatos especiais para entregar quantias exorbitantes de dinheiro ilícito.

Apreensão de drogas de cartéis pela polícia do México em novembro de 2010, na capital Cidade do México (Foto: Flickr/Claudio Toledo)

Desde 2010, o HSBC é instado a impulsionar o combate à lavagem de dinheiro em seus controles internos e responsabilizar os envolvidos em crimes financeiros.

Questionado pela reportagem, o banco afirmou que realizou todas as mudanças necessárias. “Embora tenhamos feito melhorias significativas em nosso programa de conformidade de crimes financeiros, estamos buscando continuamente maneiras de melhorar”, disse a porta-voz Heidi Ashley.

Além do HSBC, a reportagem também menciona outros bancos envolvidos no esquema, como o Standard Chartered, Barclays, Deutsche Bank, Commerzbank, JPMorgan Chase e Bank of New York Mellon.

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