Mais de 125 mil refugiados retornam à Síria em meio a condições desesperadoras

Reconstrução do país enfrenta desafios, com milhões de deslocados internos e ajuda humanitária insuficiente para as necessidades urgentes

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Um mês após a queda do regime de Bashar al-Assad, mais de 125 mil refugiados voltaram à Síria “cheios de esperança após anos de exílio”, mas se depararam com condições desesperadoras, alertaram humanitários da ONU (Organização das Nações Unidas) na quinta-feira (9).

Liderando apelos para que a comunidade internacional “passe das palavras à ação” para ajudar urgentemente os retornados mais vulneráveis ​​do país, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) disse que muitas famílias têm pouco abrigo e poucas perspectivas econômicas.

“Nas últimas semanas, houve discussões em círculos internacionais de alto nível sobre a necessidade de ‘recuperação precoce’ e ‘reconstrução’”, afirmou Gonzalo Vargas Llosa, representante do Acnur na Síria, um dia após uma reunião do Conselho de Segurança que discutiu o futuro pacífico do país. “Mas, até passarmos das palavras para a ação, para muitos retornados a nova vida na Síria infelizmente significará dormir cercados por lonas plásticas.”

Destroços deixados por bombardeio em Idlib, Síria, em setembro de 2019 (Foto: UN Photo/Omar Haj Kadour)
Escala da destruição impressiona

Após 14 anos de guerra, encerrada em 8 de dezembro com a tomada relâmpago de Damasco por forças incluindo o Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), a extensão da destruição nas cidades sírias tornou-se cada vez mais evidente com o retorno das equipes de ajuda internacional.

Além dos refugiados que retornaram, quase 500 mil pessoas deslocadas internamente pela guerra voltaram ao noroeste da Síria até o final do ano passado, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).

Antes da queda do regime de Assad, estimava-se que 7,4 milhões de pessoas estavam deslocadas internamente, sendo 2,3 milhões em campos de refugiados, enquanto um total de 16,7 milhões dependiam de assistência humanitária.

Após as discussões no Conselho de Segurança, os ministros das Relações Exteriores da Itália, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, além da alta representante da União Europeia (UE) para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, Kaja Kallas, se reuniram em Roma para debater a situação na Síria.

Abrigo de inverno como prioridade

Reforçando o alerta do Acnur, a Organização Internacional para Migrações (OIM) destacou a necessidade urgente de atender às demandas de inverno em toda a Síria, pedindo US$ 73,2 milhões para ajudar mais de 1,1 milhão de pessoas nos próximos seis meses. Este valor representa um aumento significativo em relação ao apelo de US$ 30 milhões feito em dezembro de 2024.

“Este esforço visa fornecer assistência imediata às comunidades mais vulneráveis, incluindo grupos deslocados e retornados, em toda a Síria”, afirmou a OIM em comunicado. “Os fundos serão usados para fornecer itens essenciais de ajuda e assistência em dinheiro, abrigo e proteção, água, saneamento, higiene, serviços de saúde e suporte à recuperação inicial para pessoas em movimento.”

Desde dezembro de 2024, as operações da OIM na Síria alcançaram mais de 80 mil pessoas com itens de inverno, 170 mil com serviços emergenciais de água e saneamento (WASH) e 15 mil com assistência financeira multipropósito.

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