A ONU (Organização das Nações Unidas) espera que o processo de desmobilização e desarmamento do Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), o principal partido de oposição de Moçambique, deve ocorrer até o final de 2020.
A alternativa em reintegrar ex-combatentes e desmobilizar o grupo é estratégica, disse o enviado especial das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni.
Segundo ele, a escalada de ataques de insurgentes do Estado Islâmico na província de Cabo Delgado acelera a demanda de apoio à nação lusófona. Os atentados se intensificaram desde que o grupo paramilitar Ahulu Sunnah Wa-Jama, que opera na região, jurou fidelidade ao EI.

“É um sinal importante ao país, mesmo em meio a tantos conflitos importantes, como a Síria, Líbia e Iêmen”, disse Manzoni. “Mas viajarei pessoalmente a Moçambique para verificar a situação da população e bases que iremos desmobilizar”.
O processo integra a implementação do Acordo de Maputo, assinado em agosto de 2019 pelo governo e o Renamo. Antes, o Parlamento moçambicano aprovou uma lei de anistia.
Estabilidade regional
Segundo o enviado da ONU, o processo de reintegração dos ex-integrantes do Renamo afeta a estabilidade regional, uma vez que o centro de Moçambique é visto como um ponto estratégico para negócios.
“É um problema puramente político. Representarei o governo e a junta [do Renamo] para chegarmos a uma conclusão até o Natal”, firmou Manzoni. O Renamo surgiu em 1975 em resposta às políticas da Frelimo, partido até hoje no poder no país.
As disputas com o governo culminaram em uma guerra civil que perdurou por 16 anos e matou um milhão de pessoas, tanto em conflitos quanto pela fome. As primeiras eleições democráticas do país só vieram em 1994, após o fim do conflito.