Enquanto líderes discutem a necessidade de uma paz duradoura no Afeganistão, uma explosão terminou com 14 mortos em Bamiyan, no centro do país, na terça (24). A violência contínua coloca em risco a concessão de ajuda humanitária ao país.
As vítimas entram nas estatísticas de um dos meses mais sangrentos em décadas. De acordo com levantamento do jornal “The New York Times”, 164 afegãos morreram em confrontos desde o início de novembro.
Em resposta à explosão, doadores internacionais em conferência em Genebra, na Suíça, reduziram a remessa de ajuda ao Afeganistão. As doações caíram para cerca de US$ 12 bilhões para os próximos quatro anos – até US$ 4 bilhões a menos que o engajado em edições anteriores.
Mais de 50% do orçamento nacional afegão vem de fundos internacionais. “As escolhas feitas nas negociações de paz afetarão o tamanho do futuro apoio e assistência internacional”, disse o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, na conferência.
Pressão via ajuda humanitária
Os doadores também insistem que a ajuda humanitária depende de reformas que combatam a corrupção – a principal acusação do Taleban em relação ao governo afegão.
Mas a rápida partida das tropas norte-americanas do país fortalecerá o Taleban em meio a intensificação dos combates. As negociações ao acordo de paz – que surgiu como grande esperança para o povo afegão – permanecem paralisadas há semanas.
O Taleban negou qualquer ataque a Bamiyan, cidade de maioria hazara e historicamente alvo de um número baixo de ataques. Xiitas, os hazara são atacados constantemente por seguidores do Estado Islâmico sunita.
Para muitos, o EI mina qualquer possibilidade de acordo de paz duradoura no país. Contudo, o Taleban também é acusado de violar tratativas de cessar-fogo e é considerado um interlocutor muito pouco confiável.
A expectativa dos doares é a de que a ajuda internacional freie as agressões do grupo pelo país. “Pedimos que a comunidade internacional nos ajude a fazer mais com menos”, apelou o presidente afegão, Ashraf Ghani, na conferência.