Da detenção de duas freiras em Hong Kong, em dezembro, à invasão de policiais chineses a igrejas cristãs, as relações entre a China e a Vaticano estão cada vez mais tensas. Conforme a rádio australiana cristã Vision, milhares de líderes cristãos já se “escondem das autoridades” locais.
O grupo missionário Asia Harvest relatou que pastores e sacerdotes chineses estão desconectando seus telefones e computadores para não serem rastreados pelas forças de segurança do país. Muitos já teriam destruído os microchips de seus cartões de identificação para “esconder suas identidades”.
A perseguição faria parte de uma tentativa de neutralizar minorias religiosas da China, como já acontece com a etnia uigur. Beijing já censurou as palavras “Cristo” e “Jesus” de publicações, removeu cruzes de torres pelo país e anunciou a publicação de sua “própria versão” de textos religiosos em 2020.
Na terça (16), autoridades da província de Guizhou, no sudoeste do país, invadiram uma igreja protestante e detiveram cerca de dez pessoas para “interrogatório”, disse a RFA (Radio Free Asia). “Muitos ainda não voltaram”, disse uma testemunha.
Outra invasão a igreja cristã ocorreu em 7 de março, em Chengdu, disse o portal de notícias cristão Persecution. As reuniões religiosas estão proibidas na China devido à pandemia. As forças policiais afirmaram que os grupos desrespeitavam as rigorosas medidas de isolamento.
Freiras em Hong Kong
Em dezembro, duas freiras do escritório não-oficial do Vaticano em Hong Kong foram detidas por três semanas em Hebei. Elas não foram autorizadas a retornar ao território semiautônomo e é provável que estejam em prisão domiciliar, segundo informações do portal East Asia Forum.
A Igreja Católica tem uma ampla presença na sociedade de Hong Kong, colônia britânica até 1997, por meio de escolas e instituições de caridade. Muitos líderes são católicos, incluindo os chefes do Executivo Donald Tsang, no cargo entre 2005 e 2012, e Carrie Lam, que assumiu em 2017.
Assim como outros núcleos cristãos da China, a diocese honconguesa está sem bispo desde 2019. A ausência é resultado de uma divergência sobre a escolha política dos representantes do Vaticano no país asiático.
O Partido Comunista da China rompeu laços com o Vaticano logo após assumir o poder, em 1949, e uma lei proíbe que menores de 18 anos sejam expostos a dogmas religiosos no país. Na prática, crianças não podem ser batizadas, frequentar cerimônias religiosas ou receber educação de qualquer doutrina espiritual.
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