Gigantes da tecnologia engrossam a relação das empresas ocidentais que deixaram a Rússia

Ericsson e Dell anunciaram nos últimos dias o encerramento de suas operações no mercado russo devido à invasão da Ucrânia

A empresa de telecomunicações Ericsson, da Suécia, e a fabricante de computadores Dell, dos EUA, aderiram ao êxodo de empresas ocidentais do mercado russo nos últimos dias. As duas anunciaram o fim de suas operações na Rússia em resposta à invasão da Ucrânia, que na semana passada completou seis meses.

A companhia sueca diz que as operações serão encerradas até o final do ano, como todos os funcionários demitidos, de acordo com o jornal independente The Moscow Times. Dados corporativos apontam que a Ericsson emprega 565 pessoas na Rússia. A promessa é oferecer apoio financeiro e pessoal àqueles que perderem seus empregos.

Antes de concluir o processo de saída do mercado russo, a empresa promete “cumprir suas obrigações com os clientes”. Entre eles estão MTS e Tele2, duas das principais operadoras de telefonia móvel do país. A Ericsson tem uma operação no mercado russo de equipamentos de telecomunicações estimada em 20%.

Empresa sueca fez investimentos bilionários e agora colhe os frutos (Foto: Kārlis Dambrāns/Flickr)

A Dell, por sua vez, anunciou no sábado (27) que suas operações no país já estão encerradas, com os escritórios tendo sido fechados no início do mês, segundo a rede Radio Free Europe. Desde fevereiro a empresa havia suspendido as vendas de produtos na Rússia e em partes ocupadas da Ucrânia.

“Em fevereiro, tomamos a decisão de não vender, atender ou oferecer suporte a produtos na Rússia, Belarus e nas regiões de Donetsk e Luhansk da Ucrânia, além da já embargada Crimeia”, disse o porta-voz da Dell, Mike Siemienas.

Por que isso importa?

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, mais de mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. São companhias que querem evitar o risco de desobedecer as sanções ocidentais, ou mesmo a reação negativa da opinião pública caso continuem a lucrar no mercado russo. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.

A debandada tem prejudicado o consumidor local, privado de produtos de setores diversos, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.

No setor de alimentação, o McDonald’s recentemente vendeu seu negócio no país a um empresário russo. Ao fim do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas eram operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação respondia por 9% da receita global da empresa.

Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderiam seus negócios e deixariam de atuar na Rússia. Os planos da empresa da Holanda incluem manter o pagamento de seus funcionários até o final do ano, período no qual buscará um comprador, bem como vender o negócio sem margem de lucro. Já a companhia da Dinamarca diz que seguirá em funcionamento, mas com uma operação em pequena escala, até ser vendida.

Loja do McDonald’s na Rússia (Foto: Wikimedia Commons)

Uma decisão que já causou problemas foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito MastercardVisa. O maior banco estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica dos cidadãos seria pequeno e assegurou que ainda é possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.

A tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente até que percam a validade e, depois disso, não recebam novos plásticos. Entretanto, os cartões emitidos na Rússia já deixaram de ser aceitos no exterior. Isso atrapalhou, por exemplo, turistas que ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.

No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.

Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto WarnerDisney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhonesiPads, em território russo. Panasonic, Microsoft, NokiaEricsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.

Tags: