Nintendo anuncia que sua loja online na Rússia também será fechada

Russos ainda podem baixar jogos previamente adquiridos, mas não terão mais como comprar novos produtos nem criar novas contas

A empresa japonesa de tecnologia Nintendo resolveu aderir ao boicote ocidental imposto à Rússia e anunciou na quarta-feira (31) que não mais venderá seus jogos online no país. Trata-se de uma decisão diretamente ligada à invasão da Ucrânia por tropas russas. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

Em março do ano passado, ainda no primeiro mês de guerra, a Nintendo já havia anunciado a suspensão de todas as entregas físicas de produtos no território russo. O serviço online de compra de softwares e a abertura de novos cadastros, porém, seguiam ativos.

Pela nova decisão, os jogadores russos ainda poderão baixar jogos previamente adquiridos, mas não terão mais como comprar novos produtos. Também não será mais possível criar novas contas no sistema da Nintendo a partir da Rússia.

“Como resultado das perspectivas econômicas, a Nintendo da Europa decidiu encerrar as operações de sua subsidiária russa”, disse a empresa japonesa em comunicado. “As informações de pagamento vinculadas às contas da Nintendo, como cartões de crédito ou detalhes de contas do PayPal, foram excluídas por motivos de segurança.”

A decisão da Nintendo chega mais tarde que a de sua principal concorrente no mercado russo. A Sony, fabricante dos consoles Playstation, já havia suspendido tanto as remessas físicas quanto as operações de suas lojas online na Rússia, aderindo assim ao êxodo ocidental que se seguiu à agressão russa.

Nintendo Switch, o console mais moderno da japonesa Nintendo (Foto: trustedreviews.com/)
Por que isso importa?

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, mais de mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. São companhias que querem evitar o risco de desobedecer as sanções ocidentais, ou mesmo a reação negativa da opinião pública caso continuem a lucrar no mercado russo. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.

A debandada prejudica o consumidor local, privado de produtos de setores diversos, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.

No setor de alimentação, o McDonald’s vendeu seu negócio no país a um empresário russo. Ao fim de 2021, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas eram operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação respondia por 9% da receita global da empresa.

Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderiam seus negócios e deixariam de atuar na Rússia.

Loja do McDonald’s na Rússia (Foto: Wikimedia Commons)

Uma situação que causou problemas sérios aos russos foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito MastercardVisa. Cartões emitidos na Rússia deixaram de ser aceitos no exterior, o que atrapalhou turistas provenientes da Russia. No ano passado, um grupo deles foi impedido de deixar a Tailândia por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.

No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.

Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto WarnerDisney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhonesiPads, em território russo. Panasonic, Microsoft, NokiaEricsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.

Tags: