O governo do Paquistão têm iniciado cercos às mídias digitais, além da já conhecida repressão a veículos tradicionais críticos ao governo e às instituições locais, denunciam jornalistas do país à “Radio Free Europe“.
Em julho, o regulador de telecomunicações paqiuistanês deu um “aviso final” para o “TikTok“, plataforma de vídeos chinesa, por existência de “conteúdo explícito” nas plataformas. Já o “Bigo Live”, canal de transmissão ao vivo, com sede em Singapura, foi bloqueado pelo mesmo motivo.
O motivo, de acordo com a Autoridade de Telecomunicações do Paquistão, teria sido o recebimento de “reclamações generalizadas sobre conteúdo imoral, obsceno e vulgar” nos aplicativos.
O jornalista paquistanês Adnan Rehmat disse à RFE que as instituições estatais buscam impôr uma narrativa oficial à população. O problema é que as medidas de Islamabad sufocado a imprensa profissional no país.
“[Entes estatais] já conseguiram impor certas proibições aos canais de televisão e jornais. O próximo alvo é a mídia social”, disse.
Lei favorece perseguição
Tanto Facebook quanto Twitter já tiveram de remover contas e conteúdos a pedido do governo do Paquistão, por “violação à lei”.
Estima-se que mais de 800 mil sites tenham sido bloqueados no país entre 2018 e 2019, de acordo com o Monitor da Democracia dos EUA.
Em fevereiro deste ano, leis foram aprovadas para apontar “terrorismo e notícias falsas” nas plataformas de mídia social. Com as regras, Facebook, Twitter e Google devem bloquear ou remover postagens consideradas ofensivas pelo governo.
Aprovadas em segredo, as medidas abrem portas para a censura em massa de veículos de informação independentes, não alinhados a Islamabad.
Em 2016, autoridades já haviam sancionado uma lei controversa de crimes cibernéticos. Se considerados culpados, os infratores podem ser condenados a até 14 anos de prisão.