Rússia recebeu mísseis da Coreia do Norte e negocia com o Irã, segundo jornal

Teerã, que tem em Moscou um importante aliado contra o Ocidente, já fornece às tropas russas drones usados para atacar a Ucrânia

O governo da Rússia tem dois novos fornecedores de mísseis de curto alcance a serem empregados na guerra da Ucrânia. Segundo o The Wall Street Journal (WSJ), a Coreia do Norte já começou a fornecer o armamento a Moscou, que pretende ampliar ainda meus seu arsenal através de um acordo paralelo com o Irã.

Tanto Pyongyang quanto Teerã já vinham ajudando a equipar as Forças Armadas russas no conflito, mas o fornecimento de mísseis é novidade. No caso iraniano, o principal item entregue às tropas de Vladimir Putin até então eram os drones modelo Shahed, que se tornaram protagonistas no conflito.

Irã inclusive firmou com a Rússia um acordo para viabilizar a produção em sua própria indústria dos veículos aéreos não tripulados, o que colocou diversas empresas iranianas nas listas de sanções de países ocidentais como EUA e Canadá.

Míssil balístico exibido em desfile em Teerã, 2019: armas a serviço de Moscou (Foto: WikiCommons)

Com a ajuda de Teerã, o Kremlin projeta aumentar a produção de drones dentro do país a partir deste ano, tornando-se responsável por até 41% de suas necessidades até 2025. Para isto, o orçamento previsto é de 60 bilhões de rublos (R$ 3,1 bilhões).

A Coreia do Norte, por usa vez, é suspeita de fornecer munição à Rússia. Em outubro de 2023, imagens de satélite coletadas pela empresa civil norte-americana Planet Labs indicaram movimentação intensa em um pátio ferroviário norte-coreano a apenas cinco quilômetros da fronteira russa, um sinal de que os dois países vinham realizando transações comerciais.

As fotos não permitem afirmar que há armas ou munições sendo carregadas, mas especialistas citados pela rede Radio Free Asia (RFA) disseram que é possível fazer tal presunção.

Eles basearam a análise no fortalecimento recente da aliança entre os dois países, na necessidade crescente de Moscou equipar seus soldados e no fato de que os presidentes Kim Jong-un e Vladimir Putin se encontraram poucos dias antes de as imagens terem sido registradas.

Na ocasião, Gary Samore, antigo coordenador da Casa Branca para controle de armas e armas de destruição em massa, disse que a Coreia do Norte tem grande estoque de munição para artilharia, tanques e foguetes e poderia enviar material antigo, da era soviética, ao aliado.

O governo dos EUA também havia afirmado, em agosto, que os dois países “avançaram ativamente” para firmar um acordo que renderia a Moscou uma quantidade significativa de munição.

Bombardeio intenso

No caso dos mísseis, as fontes ouvidas pelo WSJ dizem que Pyongyang já realizou a entrega de lançadores e da munição a Moscou, enquanto o acordo com Teerã está na etapa final e será concluído ainda no primeiro semestre.

A informação surge no momento em que a Rússia intensifica os ataques aéreos com mísseis contra a Ucrânia. Na quarta-feira (3), a ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou que a recente ofensiva militar, iniciada nos últimos dias de dezembro, deixou ao menos 90 civis mortos, inclusive crianças.

Segundo a Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos das Nações Unidas na Ucrânia (HRMMU, na sigla em inglês), somente a capital Kiev foi alvo de mais de cem mísseis desde os últimos dias de 2023. Os bombardeios teriam atingido edifícios residenciais, escolas, uma maternidade, nove outras instalações médicas e infraestruturas civis críticas, como subestações de gás e eletricidade.

De acordo com Kiev, a onda mais dura de ataques ocorreu entre as últimas horas de 28 de dezembro e o início do dia seguinte. Nesse período, a Ucrânia calcula que a Rússia despejou 122 mísseis e 36 drones Shahed, ação que o Ministério da Defesa da Ucrânia classificou como “terrorismo“.

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