Vídeogames são principal alvo da espionagem chinesa, dizem especialistas

Com mais tempo de uso, dados pessoais e reconhecimento de voz, vídeogames se tornaram arma de espionagem

Ao contrário do que se imagina, a maior vulnerabilidade de segurança a possíveis espionagens chinesas não está no TikTok ou WeChat – mas sim nos vídeogames.

A afirmação é dos especialistas Dave Aitel e Jordan Schneider ao norte-americano “The Wall Street Journal”, ambos veiculados à Agência de Segurança Nacional dos EUA.

Aitel e Schneider apontam que o investimento chinês em jogos eletrônicos explodiu nos últimos dez anos. Por ser um meio que consome uma parcela maior do tempo dos usuários, a tendência é que sejam os vídeogames protagonizem a maior parte de espionagem chinesa nos EUA.

A facilidade em explorar os jogos não se dá ao acaso. Ao contrário do TikTok, os jogadores devem fornecer seus nomes reais, informações de pagamento, dados pessoais e ainda criam amostras de voz ao usar o bate-papo dos jogos.

Vídeogames são principal alvo da espionagem chinesa, dizem especialistas
Norte-americano joga o famoso “Fortnite”, data desconhecida (Foto: Creative Commons)

“Os vídeogames chineses são realmente uma ameaça à segurança nacional dos EUA? Sim”, confirmam Aitel e Schneider. “A China já usa jogos para coletar dados de cidadãos norte-americanos”.

Prova disso é o alto investimento chinês em jogos populares entre os norte-americanos. Só a big tech Tencent, por exemplo, comanda as principais fabricantes de jogos do mundo, como a Activision Blizzard, produtora de “League os Legends”, Epic Games (“Fortnite”) e Supercell (“Clash of Clans”).

Espionagem frequente

De acordo com os especialistas, o acesso de Beijing a milhões de computadores facilita que espiões usem jogos para conduzir operações de inteligência.

Um exemplo recente é o de um jogador de “Hearthstone”, de Hong Kong. Após apoiar a independência da cidade em uma conversa pós-jogo, o jovem foi banido da plataforma. Também há diversos termos proibidos nos recursos de bate-papo, como “Hong Kong”, “Taiwan” e “Falun Gong“.

Segundo Aiden e Schneider, a solução é que Washington exija todos os dados confidenciais armazenados nos provedores de nuvens norte-americanas. O uso da Lei de Revisão de Risco Estrangeiro também pode ser uma saída para forçar o desemparelhamento de espionagem nos jogos.

“Essas medidas ajudariam a reduzir o risco para a América no curto prazo, mas não funcionariam retroativamente. Washington deve agir o mais rápido possível para proteger os dados de jogos”, pontuaram os especialistas.

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