Enfermeiros são presos por protesto no Zimbábue

Profissionais de saúde pedem pagamento de salários em dólares norte-americanos e melhores condições de trabalho

A polícia do Zimbábue prendeu 12 enfermeiros por protestarem em frente a hospitais estaduais da capital Harare nesta segunda (6). A informação é da agência de notícias Reuters.

Eles pediam que o pagamento do salário fosse feito em dólares norte-americanos. O motivo é a inflação de quase 800%, informou o sindicato de enfermeiros do país.

Profissionais seguravam placas com os dizeres “sem pagamento em dólar norte-americano, sem trabalho” e “enfermeiros não podem respirar”, em referência à frase dita pelo norte-americano George Floyd antes de ser morto por um policial nos EUA.

Segundo os enfermeiros, eles protestam por não conseguirem sobreviver com um salário mensal de 3 mil dólares zimbabuenses, o equivalente a US$ 47.

Enfermeiros são presas por protesto no Zimbábue
Enfermeiros protestam no Zimbábue (Foto: Teddy Eugene/Twitter)

A agência de notícias Associated Press aponta que o protesto também estava relacionado à falta de equipamento de proteção, como luvas e máscaras, nas unidades de saúde.

As manifestações ocorrem em meio ao aumento no número de casos do novo coronavírus cresce no país da África Austral. Até esta terça (7), o Zimbábue registrou 734 casos e nove óbitos, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

No mês passado, o governo do presidente Emmerson Mnangagwa anunciou um aumento salarial de 50% para funcionários do estado e um auxílio de US$ 75 por três meses.

No entanto, segundo os profissionais, os salários de junho não foram reajustados de acordo com o prometido.

Desvalorização

A moeda local foi reintroduzida no Zimbábue no ano passado, após uma década de uso oficial do dólar norte-americano.

No entanto, o dólar zimbabuense logo perdeu o valor, levando à disparada nos preços e aumentando receios de uma nova hiperinflação.

Com uma taxa de inflação de 785%, uma das mais altas do mundo, a economia tornou-se dolarizada. No Zimbábue são comuns as taxas paralelas no mercado ilegal de câmbio, que aumentam o preço da moeda estrangeira.

Em junho, o governo do Zimbábue suspendeu a bolsa de valores e pagamentos por celular, o que representa 80% de todas as transações. A meta era deter a desvalorização da moeda local.

Tags: