Agências de espionagem ocidentais emitem alerta conjunto sobre a ameaça vinda da China

Reunião teve Beijing como tema central e comparou o problema aos ataques terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos

Chefes de inteligência dos EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia se reuniram na terça-feira (18) para tratar de uma preocupação em comum: a ameaça sem precedentes à segurança nacional de seus países representada pela China. Em pauta, as atividades de espionagem de Beijing, que têm como alvo tecnologias avançadas e acenderam um alerta. As informações são da revista Newsweek.

Durante o encontro realizado no Vale do Silício, no estado norte-americano da Califórnia, o diretor do FBI, a polícia federal dos EUA, Christopher Wray, afirmou aos membros da aliança Five Eyes, uma rede de compartilhamento de inteligência composta por essas cinco nações, que o governo chinês representa a maior ameaça à inovação global, que, pela sua gravidade, foi comparada aos ataques de 11 de setembro.

Wray e chefes de inteligência do Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia durante Cúpula de Ameaças Emergentes e Segurança da Inovação, a primeira reunião pública de líderes do Five Eyes (Foto: FBI/Reprodução Twitter)

Wray observou que a união dos cinco países e seus serviços de inteligência reflete o nível de preocupação em relação a essa ameaça.

“Escolhemos nos unir para tentar destacar isso, aumentar a conscientização, aumentar a resiliência e trabalhar em estreita colaboração com o setor privado para tentar construir melhores proteções para a inovação”, disse.

É consenso entre os membros do Five Eyes que a espionagem industrial chinesa representa uma ameaça à segurança econômica e tecnológica, já que envolve o roubo de propriedade intelectual e segredos comerciais, o que prejudica a inovação e a competitividade dessas nações.

De acordo com Wray, o novo foco do Partido Comunista Chinês (PCC) é usar tecnologia de IA (inteligência artificial) obtida de forma ilegal para intensificar ainda mais suas atividades de hacking, um comportamento que ele classificou como “extremamente preocupante”.

O evento foi conduzido por Condoleezza Rice, ex-assessora de segurança nacional dos EUA e atual diretora da Hoover Institution da Universidade de Stanford, onde o evento aconteceu.

A reunião ocorreu em um momento pontual, coincidindo com vários acontecimentos, como a imposição de novas sanções dos EUA ao setor de tecnologia chinês e o Fórum para a Cooperação Internacional da Nova Rota da Seda (BRI, da sigla em inglês), que ocorreu nesta semana na capital chinesa com a presença de autoridades talibãs e do presidente russo Vladimir Putin.

Aliança entre governos e setor privado

Ken McCallum, diretor-Geral do MI5 no Reino Unido, destacou que a ameaça não se limita mais ao roubo de segredos governamentais. Agora, a segurança nacional está fortemente ligada à inovação no setor privado, tecnologia e pesquisa, que também é alvo de Beijing.

Mike Burgess, diretor-geral da Organização Australiana de Inteligência de Segurança, observou que “todas as nações espionam”, mas expressou preocupação com a estratégia atual do governo chinês. Ele destacou que Beijing está envolvida em um nível alarmante de roubo de propriedade intelectual em termos de escala e sofisticação.

O chefe da espionagem australiana também ressaltou que as indústrias tecnológicas e os centros de pesquisa em países ocidentais são “alvos tentadores” devido à sua natureza aberta e colaborativa.

No ano passado, a administração Biden implementou medidas mais rígidas que restringem a exportação de chips avançados e equipamentos de fabricação de chips, com o objetivo justamente de impedir que essas tecnologias cheguem à China. A espionagem, assim, torna-se a melhor maneira de os chineses acessarem a tecnologia ocidental.

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