Duas autoridades norte-americanas alertaram nesta semana que o risco de um ataque terrorista nos EUA está excepcionalmente alto neste momento. Tanto o procurador-geral Merrick Garland quanto o diretor do FBI Christopher Wray falaram a parlamentares locais sobre a segurança do país e manifestaram sua preocupação.
“Estou preocupado com a possibilidade de um ataque terrorista no país depois de 7 de outubro”, disse Garland na terça-feira (4), em audiência perante o Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, conforme relatou o site Axios. “O nível de ameaça para nós aumentou enormemente”, acrescentou.
O marco citado por Garland é o ataque do Hamas a Israel, que matou cerca de 1,2 mil pessoas dentro do território israelense e levou a uma resposta dura do Estado judeu. Desde então, mais de 36 mil pessoas foram mortas nas operações militares na Faixa de Gaza, a maioria civis.
A violência inflamou a comunidade árabe e levou grupos extremistas a convocar seus seguidores para que realizem ataques terroristas contra países que apoiam a ofensiva de Israel, sendo os focos centrais os EUA e a União Europeia (UE).

O procurador-geral avalia que a tensão atinge também a comunidade islâmica. “Ameaças anti-árabes e anti-muçulmanas neste país deixam todas essas comunidades com medo”, disse Garland.
Já o diretor do FBI, a polícia federal norte-americana, falou a uma comissão do Senado no mesmo dia e igualmente comentou o risco extremista islâmico elevado. Segundo ele, é uma ameaça ainda maior devido aos cortes de orçamento nas agências de segurança promovidos por parlamentares dos EUA.
“Percebo a realidade do ambiente em que nos encontramos hoje, com tantas agências enfrentando orçamentos apertados”, disse ele. “E, neste ano, o FBI é uma dessas agências, com nosso orçamento para o ano fiscal de 2024 quase US$ 500 milhões abaixo do que o FBI precisa apenas para manter nossos esforços de 2023.”
Igualmente, Wray citou os ataques de 7 de outubro como marco no caso da ameaça islâmica. “Desde então, temos visto uma galeria de organizações terroristas estrangeiras desonestas apelando por ataques contra os americanos e os nossos aliados”, declarou.
A ameaça maior, disse a autoridade, não é a de um ataque em larga escala, e sim de ações de “indivíduos ou pequenos grupos” que possam “tirar uma inspiração distorcida dos acontecimentos no Oriente Médio para realizar ataques aqui em casa.”
Ele lembrou, ainda, o atentado que matou 144 pessoas na casa de espetáculos Crocus City Hall de Moscou em 22 de março. A ação foi reivindicada pelo Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), uma organização estabelecida no Afeganistão e derivada do Estado Islâmico (EI) do Iraque e da Síria.
“Cada vez mais preocupante é o potencial para um ataque coordenado aqui na nossa pátria, semelhante ao ataque do EI-K que vimos na cala de concertos da Rússia em março”, afirmou.
Ataque em Nova York?
Na semana passada, o EI-K indicou que um dos alvos é a Copa do Mundo T20, evento esportivo de críquete sediado nos EUA e em seis países caribenho. Uma imagem publicada em seus canais de propaganda sugere que o grupo extremista planeja atacar o evento, que já teve início.
O EI-K usou suas redes para difundir uma imagem que mostra drones sobrevoando o Estádio Internacional de Críquete de Nassau, dentro do Parque Eisenhower, em Nova York, com um terrorista e uma bomba também retratados.
“Você espera pelos jogos. Nós esperamos por você”, diz o pôster, que foi republicado por perfis diversos na rede social X, antigo Twitter.
Nashir-e-Pakistan (#IslamicState Khurasan/#ISK) Circulates Posters Encouraging Attacks on the 09 June #India vs Pakistan Cricket #T20 Match in #NewYork, #UShttps://t.co/uZ9sfAFKQi pic.twitter.com/gVf7NKI9jP
— TRACTerrorism (@TracTerrorism) May 29, 2024