No Dia Nacional da China, autoritarismo chinês gera protestos em vários países, inclusive no Brasil

Manifestações em Taiwan, nos EUA, no Japão e outros países relembram os abusos cometido por Beijing, que no sábado celebrou a importante data

Centenas de pessoas foram às ruas de Taiwan protestar contra o autoritarismo chinês na última sexta-feira (30), véspera do Dia Nacional da República Popular da China (RPC). Cenas semelhantes se repetiram em países como EUA, Reino Unido, Japão, França e Áustria. No Brasil, o movimento Democracia Sem Fronteiras (DSF) citou os abusos contra os uigures em Xinjiang e questionou: “o que a população chinesa, a ONU e as democracias devem comemorar?”.

O feriado de 1º de outubro relembra a fundação da República Popular da China em 1949, sob o governo do Partido Comunista Chinês (PCC). Neste ano, a celebração ocorre às vésperas do 20º Congresso do partido, que tem periodicidade quinquenal e em 2022 deve confirmar, no dia 16 de outubro, um inédito terceiro mandato para o presidente Xi Jinping.

Dia Nacional da China: protestos em Taiwan, EUA, Reino Unido, Japão, França e Brasil (Foto: Flickr)

Para os taiwaneses, porém, não há motivo para celebração, vez que a ilha semiautônoma vive sob a ameaça de uma invasão de Beijing, que a considera parte de seu território.

O protesto em Taipé ocorreu na sexta-feira (3), um dia antes do feriado, e se concentrou em frente à filial do Banco da China. Os manifestantes exibiam cartazes com frases como “Não desista dos direitos humanos” e “Resista à China! Resista ao autoritarismo”.

A presidente taiwanesa Tsai Ing-wen também se pronunciou, reforçando a autonomia de Taiwan em relação à China continental. Segundo ela, os cidadãos da ilha não desejam abrir mão da soberania ou de seus valores democráticos, posicionamento atestado por pesquisas de opinião pública recentes, de acordo com a rede Radio Free Asia (RFA).

Nos EUA, manifestantes foram às ruas em Washington DC no sábado (1º), liderados por Alex Chow, ex-secretário-geral da Federação de Estudantes de Hong Kong.

Chow se pronunciou em sua conta no Twitter. “Protestar em 1º de outubro, Dia Nacional da República Popular da China, significa, infelizmente, que os territórios ocupados ainda não foram devolvidos e que não foram garantidas autonomia e liberdade aos grupos oprimidos e ameaçados pela RPC“.

Os protestos no Reino Unido envolveram sobretudo cidadãos de Hong Kong que se mudaram para a Europa após o território honconguês passar do domínio britânico para o chinês em 1997. Na praça Piccadily Circus, em Londres, o protesto teve bandeiras do Tibete, região sob controle de Beijing, e cartazes com o slogan “Hong Kong Livre”, tema dos protestos pró-democracia no território em 2019. Também houve registro de protestos em frente à Embaixada da China, segundo o site Hong Kong Free Press.

Foram registrados ao menos 15 protestos no Reino Unido, segundo a RFA. Houve casos em que a bandeira da China foi queimada, com cidadãos honcongueses, tibetanos e uigures presentes nos eventos.

A Europa ainda teve manifestações em Viena, na Áustria, onde um grupo pequeno se reuniu em frente à sede da diplomacia chinesa com bandeiras do Tibete e cartazes de protesto contra o PCC. As violações dos direitos humanos por Beijing também deram o tom em Paris, onde organizações da sociedade civil se reuniram no sábado (1º) para relembrar os abusos, segundo o site indiano The Sentinel.

Tóquio também teve manifestações em frente à Embaixada da China, com referências a regiões que sofrem com a repressão do PCC, como Tibete, Xinjiang, Mongólia, Hong Kong e Taiwan. Representantes de minorias étnicas chinesas marcaram presença em uma marcha que seguiu de lá até o centro da capital japonesa.

Já no Brasil, o DSF, que frequentemente repudia o autoritarismo chinês, relembrou o relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os abusos dos direitos humanos cometidos na região de Xinjiang pelo governo chinês. E afirmou que a data não comporta celebração.

“Em um cenário de desrespeito ao direito à vida e com um governo sendo acusado de cometer ‘genocídio‘, será que alguém vai comer esse bolo? Comemorar não será nada fácil”, diz artigo divulgado pelo DSF.

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