Em comparação com o primeiro ano da pandemia de Covid-19, 2021 foi “sem dúvida pior” para as Américas, que registraram a triplicação do número de infecções e mortes. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (15) por Carissa Etienne, diretora da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e principal oficial de saúde da ONU (Organização das Nações Unidas).
Desde o início da pandemia, mais de 98 milhões de pessoas nas Américas desenvolveram Covid-19 e mais de 2,3 milhões morreram em decorrência da doença. Mais de um terço de todos os casos notificados em todo o mundo e uma em cada quatro mortes ocorreram na região.
“Quando comparamos 2020 a 2021, este ano foi, sem dúvida, pior. Vimos o triplo do número de infecções e mortes por COVID neste segundo ano de pandemia do que em 2020”, disse Etienne, que destacou os leitos hospitalares escassos, os estoques de remédios e suprimentos reduzidos e os sistemas de saúde “postos à prova como nunca antes”.
Na semana passada, cerca de 926 mil novas infecções por Covid-19 foram relatadas nas Américas, um aumento de quase 19% em relação às semanas anteriores. Mas o aumento não é generalizado, vez que em muitos países a incidência tem diminuído.
A América do Norte, em particular, experimenta um ressurgimento de casos, embora o México registre uma redução nas infecções. Os casos também diminuíram na América Central, exceto no Panamá, onde aumentaram continuamente no último mês.
“Estamos vendo uma mudança na América do Sul”, relatou Etienne. “Os casos caíram na Bolívia pela primeira vez desde setembro, assim como as infecções por Covid-19 aumentaram no Equador, Paraguai e Uruguai, e os casos permanecem estáveis no Brasil e no Peru”.
O Caribe, por sua vez, registrou queda no número de infecções, apesar de Trinidad e Tobago ter atingido a maior contagem de casos semanais. Já Santa Lúcia também viu os casos aumentarem 66% na última semana, e as Ilhas Cayman relataram a maior incidência de qualquer país ou território de todo o continente americano.
Vacinação desigual
Apesar de 2021 ter sido um “ano preocupante”, a diretora da Opas destaca que as vacinas Covid-19 protegeram milhões contra o pior do coronavírus. Mais de 1,3 bilhão de doses foram administradas na região até o momento.
“Embora a distribuição das vacinas não tenha sido tão rápida quanto gostaríamos, ou tão uniforme, 56% das pessoas na América Latina e no Caribe foram totalmente vacinadas contra Covid-19, graças aos esforços dos países e do apoio dos doadores”, disse Etienne, alertando a seguir. “Se não resolvermos as lacunas gritantes [na distribuição de vacinas], não conseguiremos controlar o vírus”.
Etienne pediu às nações que colaborem agora para expandir a capacidade de produção de vacinas, inclusive na região das Américas, “para que os países não permaneçam totalmente dependentes das importações de produtos farmacêuticos”.
“Cada vez que trabalhamos juntos, tivemos avanços. Mas quando os países trabalharam isolados, quando as inovações e os recursos não foram compartilhados, criamos espaço para que a pandemia prosperasse. Compartilhar é fundamental para derrotar essa pandemia”, disse ela.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News