Após oito anos, 15 países asiáticos devem assinar mega acordo de livre comércio

Com quase um terço do PIB global, acordo é o maior já negociado no mundo; países deve selar compromisso no domingo

Após oito anos de negociações, a China e outros 14 países asiáticos devem assinar o RCEP (Parceria Ecônomica Regional Abrangente, em inglês) neste domingo (15). O acordo é o maior de livre comércio já negociado no mundo.

Em entrevista à Bloomberg, o ministro de Comércio da Malásia, Mohamed Azmin Ali, afirmou que a assinatura encerra quase uma década de negociações de “suor, sangue e lágrimas”.

A integração econômica, que abrange quase um terço do PIB (Produto Interno Bruto) global, não contará com a Índia. O país se retirou do acordo no final de 2019, por decisão do primeiro-ministro Narendra Modi.

O movimento de Modi foi visto por muitos como um sinal de alinhamento aos EUA, em meio a crescente tensão entre Beijing e Nova Délhi na disputa pela fronteira do Himalaia.

Após oito anos, 15 países asiáticos devem assinar maior acordo de livre comércio
Todos os líderes do RCEP (Parceria Ecônomica Regional Abrangente, em inglês), ainda com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em reunião da cúpula da Asean, na capital tailandesa, Bangkok, em novembro de 2019 (Foto: Asean/Kusuma Pandu Wijaya)

A Austrália – que também vive mau momento das relações com Beijing – aderiu ao acordo, assim como o Japão e Nova Zelândia. A parceria tem como objetivo reduzir tarifas e estabelecer novas regras de comércio eletrônico, além de fortalecer cadeias de suprimentos na região.

Impacto externo

A aprovação do acordo entre os asiáticos pode desencadear prejuízos a empresas norte-americanas e multinacionais fora da zona, sobretudo depois que Donald Trump deixou o Acordo Transpacífico, em janeiro de 2017.

Fora desse eixo, os EUA têm menor poder de barganha e influência econômica com os asiáticos. Com uma recuperação recorde em meio à pandemia, a China é um dos países que já estuda reduzir os auxílios emergenciais concedidos à população e empresas.

O desafio cairá no colo do recém eleito Joe Biden. De acordo com especialistas, as medidas tomadas pelo ex-vice de Barack Obama serão fundamentais para contrapesar, ou não, a influência da China sobre os demais países do continente.

“Se os EUA continuarem a ignorar ou intimidar os países asiáticos, o pêndulo de influência oscilará em direção à China. Mas se Biden trouxer um plano confiável para restaurar a presença dos EUA na Ásia-Pacífico, o pêndulo pode voltar em nossa direção”, leu o conselheiro do Centro de Estudos Internacionais de Washington, William Reinsch.

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