Cresce o número de mortos em ataque no Iraque e policiais são novas vítimas do EI

Ação na província de Diyala matou 15 pessoas, e não 11 como informado inicialmente. Outro ataque no mesmo dia matou três oficiais de polícia

O ataque empreendido por combatentes do Estado Islâmico (EI) na província de Diyala, no Iraque, na terça-feira (26), fez mais mortos que o informado inicialmente pelas forças de segurança locais. De acordo com médicos que participaram do atendimento às vítimas, 15 pessoas morreram na ação, e não 11, segundo o jornal turco Yeni Safak.

As informações mais recentes sugerem que os extremistas usaram, além de metralhadoras, rifles de precisão para atingir os habitantes do vilarejo de al-Rashad. De acordo com os médicos, que não tiveram suas identidades reveladas, outras 17 pessoas foram feridas na ação.

Em seu canal de propaganda no aplicativo de mensagens Telegram, o EI confirmou a autoria do atentado, dizendo que o alvo foram militantes xiitas, segundo a rede iraquiana Rudaw. As autoridades locais, por sua vez, afirmam que apenas “civis indefesos” foram mortos.

A Missão de Assistência da ONU no Iraque (UNAMI) se manifestou sobre o caso e cobrou as autoridades iraquianas para “que investiguem completamente os ataques e envidem todos os esforços para garantir a segurança e a proteção de todos os cidadãos”. Já a delegação da União Europeia (UE) no Iraque ofereceu condolências às famílias das vítimas e afirmou que “condena tal violência contra pessoas inocentes”.

No mesmo dia do ataque em Diyala, outra ação coordenada do EI levou à morte de três policiais iraquianos. Foram ataques simultâneos empreendidos contra postos de checagem na província de Saladino, e as forças de segurança usaram um ataque aéreo para repelir os extremistas.

Cresce o número de mortos em ataque no Iraque, e policiais são novas vítimas do EI
Soldados do exército do Iraque no combate ao Estado Islâmico (Foto: Wikimedia Commons)

Por que isso importa?

Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo e raramente contra civis. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela organização extremista no país.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria, onde ainda mantem cerca de 10 mil combatentes ativos. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.

Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.

Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.

Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais, como o Boko Haram, da Nigéria. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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