No vermelho, Turquia reluta em pedir ajuda ao FMI e pode entrar em moratória

Empréstimo externo pode manchar imagem de ‘independência’ do Ocidente para público local

Mesmo com uma dívida de US$ 169 bilhões que vence no próximo ano, o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan reluta em pedir um empréstimo ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e pode terminar o ano em moratória técnica. 

O país tem cerca de US$ 84 bilhões em reservas internacionais brutas. O valor incluir ouro e ativos de baixa liquidez – ou seja, que não têm disponibilidade imediata. As informações são do jornal britânico “Financial Times”.

O mercado teme um eventual calote turco e já precifica a possibilidade de uma crise de balanço de pagamentos no país. Neste ano, já integram a lista dos países em moratória técnica Líbano e Argentina.

A lira atingiu recorde de desvalorização neste mês, mas recuperou parte de seu valor após intervenções no mercado de câmbio. 

No vermelho, Turquia reluta em pedir ajuda ao FMI e pode entrar em moratória
O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan (Foto: Presidência da Federação Russa/Divulgação)

Bancos credores, como os nacionais Akbank e Isbank, além do estatal Vakifbank, já aceitaram rolar parte da dívida turca, por meio de refinanciamentos.

Público interno

Para o diário, a retórica anti-FMI de Erdogan é parte da construção de uma imagem pública de um líder forte, independente das potências ocidentais.

Como 70% dos turcos são contra uma composição com o Fundo, Erdogan afirma que a oposição repete “a rendição econômica e política” do passado. Os dados da pesquisa são do Istambul Economics Research.

O problema é que, segundo estimativas do Goldman Sachs, falta no caixa turco cerca de US$ 20 bilhões para fechar o ano.

A meta então tornou-se movimentar setores que geram divisas em moeda forte, como o turismo. Difícil, em um contexto de pandemia global, mesmo com o início do verão no hemisfério norte.

Por outro lado, o governo age para limitar o crescimento do déficit em conta corrente aumentando impostos sobre importados. Os produtos com taxação extra vão de máquinas de lavar a lentes de contato.

Para a maioria dos economistas consultados pelo jornal, será preciso fechar ainda mais o controle sobre o mercado de câmbio turco. Do contrário, o país terá de pedir socorro.

Em 2018, o país viveu uma forte crise cambial e o presidente não pediu ajuda externa. Com a crise global, o auxílio pode se tornar inevitável – cerca de 90 países já pediram ajuda ao Fundo desde o início da pandemia.

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