Grupos extremistas perseguem eleitores para boicotar eleições em Burkina Faso

Eleitores estão na mira de membros do Estado Islâmico e da Al-Qaeda; cerca de 166 mil eleitores estão inacessíveis

A perseguição de grupos extremistas a eleitores de Burkina Faso coloca em risco a fragilíssima democracia do país. De acordo com o portal The New Humanitarian, criminosos estão interrompendo o registro de eleitores para evitar que participem das eleições no dia 22.

Pelo menos mil comunidades e cerca de 166 mil estão inacessíveis para fazerem seus registros eleitorais no país, apontou a Ceni (Comissão Eleitoral Independente, em francês).

O principal alvo dos extremistas é a população afastada dos centros urbanos e que vive em áreas rurais.

Em agosto, o Parlamento do país, na África Ocidental, aprovou uma lei que habilita a contagem de votos mesmo quando não fica impossibilitado o acesso às urnas.

Mesmo antes dos ataques, a participação política já era baixa em Burkina Faso. Estima-se que apenas cinco milhões de eleitores se registraram para votar no pleito de 2015 e apenas 60% foram às urnas. Com 19,75 milhões de habitantes, o país possui 11 milhões de eleitores.

Grupos extremistas perseguem eleitores para boicotar eleições em Burkina Faso
O presidente Roch Kaboré em visita a Benin, em outubro de 2017 (Foto: Flickr/República de Benin)

“Se metade do país votar e outra não, não é normal”, disse o servidor público de Barsalogho, Saidou Wily. A cidade, na região central de Burkina Faso, foi tomada pela violência de grupos extremistas.

Disputa pelo poder

Analistas afirmaram à The New Humanitarian que uma baixa participação nas áreas rurais deve prejudicar a atuação do Estado e, em consequência, fortalecer grupos jihadistas ligados ao Estado Islâmico e à Al-Qaeda.

O domínio dos grupos extremistas no país já forçou o deslocamento de mais de um milhão de pessoas – a grande maioria desde 2019.

Com forte insegurança alimentar em meio à pandemia, o presidente Roch Kaboré, candidato à reeleição, vê sua popularidade cair dia após dia.

Agora o risco é que Burkina Faso encontre o mesmo caminho do vizinho, Mali, onde uma eleição disputada terminou em golpe militar, em agosto. No dia 22, a população do país africano deverá escolher entre 13 candidatos à Presidência.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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