Governo Xi Jinping piorou a imagem da China no exterior, aponta pesquisa

Pandemia ajudou a arruinar imagem chinesa, além do histórico de direitos humanos, da beligerância e da política econômica

Desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder na China, em 2012, a imagem do país passou a ser cada vez mais negativa mundo afora. E tal impressão global, de acordo com um relatório do think tank Pew Research Center, não está só relacionada à pandemia de Covid-19, responsabilidade atribuída a Beijing. Mas também a questões de direitos humanos, militarismo e políticas agressivas de expansão econômica. As informações são da rede Radio Free Asia.

O documento organizado pelo Pew Research Center foi divulgado na quarta-feira (28), sendo construído com base em duas décadas de pesquisas realizadas em mais de 60 países. Ele surge a três semanas do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), uma importante reunião que acontece a cada cinco anos e em 2022 e que poderá trilhar o caminho de Xi para um terceiro mandato.

“As pessoas são boas, mas o líder Xi é muito controlador e não deve ficar no poder por tanto tempo”, observou uma mulher norte-americana ouvida no estudo. “Eles precisam deixar Hong Kong ser um Estado independente como prometeram e parar de perseguir os uigures”.

Xi Jinping, presidente da China (Foto: Wikimedia Commons)

Um outro entrevistado, também cidadão norte-americano, reconheceu a ascensão chinesa, porém, disse acreditar que os problemas serão um muro logo adiante.

“(A China é) Uma potência em ascensão que se tornará problemática quando não puder manter o crescimento. O estilo de autoritarismo de Xi é profundamente preocupante”, disse.

Segundo o think tank, a maioria das nações ouvidas pelos pesquisadores seguiu a linha dos EUA: de modo geral, os sentimentos positivos em relação à China começaram a decair após o início do mandato de Xi, tendo uma piora vertiginosa a partir do fim de 2019, quando a pandemia do vírus que matou 6,54 milhões de pessoas teve início.

Na época que XI assumiu o cargo, em meio ao segundo mandato do presidente Obama, a estatística de cidadãos dos EUA que nutria uma visão positiva em relação à China era de cerca de quatro em cada dez. Já o percentual de pessoas que tinha um olhar desfavorável girava em torno de 30% e 40% dos entrevistados.

A opinião teve ligeira melhora na primeira metade da era Trump, mas caiu logo em seguida sob a atmosfera da guerra comercial iniciada em 2018.

Queda de popularidade

Em outros países, como a Coreia do Sul, as más impressões com Beijing deram um salto após a pressão econômica chinesa em 2017 em resposta à instalação por Seul de uma tecnologia de interceptação de mísseis dos EUA conhecida como THAAD (Terminal High Altitude Area Defense), capaz de destruir mísseis a até 200 quilômetros de distância. Durante a pandemia, o percentual era cerca de 80% desfavorável.

No Japão, as tensões bilaterais começaram a aumentar em 2013 por conta das disputas territoriais no Mar da China Oriental, época em que 93% dos entrevistados locais admitiram que não viam a China com bons olhos. Neste ano, houve uma melhora discreta e o percentual caiu para 87%.

Na Austrália, apesar do crescimento das desconfianças de que a China estava tentando influenciar a política doméstica do país após Xi assumir, as opiniões favoráveis ​​superaram as desfavoráveis até 2019.  Já em 2022, 86% dos australianos veem a China de forma desfavorável, um aumento de 24 pontos percentuais desde 2019.

A relação cordial entre China e Austrália começou a deteriorar em 2018, quando Camberra proibiu a Huawei de fornecer equipamentos para uma rede móvel 5G, citando riscos de interferência estrangeira. E teve piora em 2020, quando os australianos cobraram uma investigação independente sobre a origem do coronavírus em Wuhan, o que despertou a ira dos chineses.

Influência

Para 66% dos entrevistados pessoas ouvidos em 19 países, a China teve crescente influência internacional na era Xi Jinping. Outros 12% consideram que a nação está enfraquecendo. Pelo menos metade dos entrevistados em 24 dos 40 países pesquisados ​​em 2015 disse que a China estava a caminho de substituir os EUA como a maior economia do planeta ou já teria alcançado isso.

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