EUA expressam preocupação com ações militares conjuntas entre China e Rússia

Com a Coreia do Norte inserida na questão, almirante norte-americano diz que o Indo-Pacífico é 'uma vizinhança problemática'

Durante visita ao Japão nesta semana, o almirante John Aquilino, líder do Comando Indo-Pacífico dos EUA, expressou séria preocupação com o aumento das ações militares conjuntas entre Beijing e Moscou na região, evidenciando a crescente tensão entre as nações rivais. As informações são da agência Associated Press.

Nas reuniões com autoridades de defesa japonesas em Tóquio, Aquilino também discutiu assuntos relacionados à Coreia do Norte, que recentemente conduziu um teste de míssil balístico intercontinental, aumentando as preocupações sobre suas capacidades em desenvolvimento.

O comandante instou a China a cessar as escaladas em confrontos marítimos com vizinhos e mostrou inquietação com a atividade militar conjunta China-Rússia, especialmente no contexto da guerra em curso na Ucrânia.

Em um incidente recente, registrado em 5 de agosto, o governo das Filipinas acusou um navio chinês de “bloquear, assediar e interferir” na navegação nas imediações das Ilhas Spratly, um arquipélago alvo de disputa entre Beijing e Manila. Um canhão de água chegou a ser usado para impedir a entrega de suprimentos a uma base filipina.

Almirante John Aquilino em foto de 2018 (Foto: U.S. Navy photo/Divulgação)

Aquilino entende que a cooperação entre Rússia, China e Coreia do Norte está indo além de uma “aliança de conveniência”.

“Se considerarmos a ligação da Coreia do Norte com a cooperação entre Rússia e Coreia do Norte, juntamente com o histórico de Pyongyang tendo a China como único parceiro antes disso, estaríamos lidando com uma vizinhança problemática e um grupo ruim para se estar”, destacou Aquilino.

Segundo a reportagem, a Coreia do Norte vem buscando ampliar laços com Rússia e China, gerando preocupações sobre possíveis fornecimentos de munição às forças russas em meio à campanha na Ucrânia.

Japão com problemas

Enquanto isso, bombardeiros chineses e russos têm gerado tensão ao voarem juntos sobre o Mar da China Oriental em direção às águas entre o Japão e a Península Coreana, desencadeando a resposta imediata de caças japoneses, segundo relatou o Ministério da Defesa japonês.

O Japão trava disputas territoriais com a China em relação às ilhas no Mar da China Oriental, controladas por Tóquio e reivindicadas por Beijing. O governo japonês considera os chineses uma ameaça à segurança nacional e por isso realiza uma rápida expansão militar, a maior desde a Segunda Guerra Mundial.

A preocupação japonesa ganha força com a cooperação militar sino-russa próxima de suas costas. Enquanto isso, a China experimenta aumentos nas tensões com outros vizinhos, sobretudo as Filipinas.

Aliança fortalecida

Na visão de Stephen Nagy, especialista em segurança regional da Universidade Internacional Cristã, de Tóquio, não é coincidência que Rússia e China tenham anunciado em julho os exercícios logo após a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) manifestar a intenção de abrir um escritório em Tóquio, o que já havia gerado manifestação de repúdio de Beijing.

Também surge como resposta aos exercícios recentes realizados por EUA, Japão e Coreia do Sul no Mar do Japão, uma via crucial para o aceso das marinhas russa e chinesa ao Pacífico Ocidental.

“Rússia e China estão tentando transmitir ao Japão e aos EUA que estão muito insatisfeitos com sua cooperação na Otan e na região e querem provar que podem alcançar o mesmo nível de cooperação na área”, disse Nagy.

Lin Ying-yu, especialista militar da Universidade Tamkang, em Taiwan, vê as manobras como uma oportunidade para Beijing obter dicas com Moscou sobre a melhor forma de proteger a Marinha, aproveitando a experiência prática dos russos na guerra da Ucrânia.

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